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    Ex-editor de tabloide é condenado a 18 meses de prisão por escutas ilegais

    LEANDRO COLON
    DE LONDRES

    04/07/2014 07h48

    Sean Dempsey/Efe
    O ex-editor do "News of the World", Andy Coulson, chega a um tribunal de Londres para receber sua sentença
    O ex-editor do "News of the World", Andy Coulson, chega a um tribunal de Londres para receber sua sentença

    O jornalista Andy Coulson, ex-editor-chefe do extinto tabloide "News of the World", foi condenado a 18 meses de prisão no processo sobre escutas ilegais do jornal do magnata Rupert Murdoch.

    A sentença foi anunciada nesta sexta-feira (4) pela Justiça britânica dez dias depois de ele ser declarado culpado pelo envolvimento no escândalo.

    O tabloide, fechado em 2011 após 168 anos de história, é acusado de ter usado métodos ilegais, como grampos telefônicos e subornos a servidores públicos, para buscar informação, sobretudo envolvendo famosos.

    O veredicto, agora concluído com a sentença, é um dos mais relevantes capítulos do escândalo no Reino Unido que envolve imprensa, políticos, celebridades e a família real.

    A pena máxima era de dois anos, mas foi atenuada pelos bons antecedentes de Coulson. Mesmo assim, a sentença é um duro golpe para o primeiro-ministro David Cameron.

    Em 2010, o jornalista foi contratado como assessor de imprensa do premiê depois de ter trabalhado para ele no Partido Conservador. Coulson deixou o cargo no ano seguinte, após a revelação de suposto envolvimento nas escutas ilegais na época em que estava no tabloide.

    Cameron se manifestou nesta sexta-feira após a divulgação da sentença de prisão. "A Justiça deve ser feita e ninguém está acima da lei, como eu sempre disse", afirmou. Na semana passada, após o anúncio da condenação de Coulson, o premiê pediu desculpas por tê-lo contratado. A oposição, sobretudo o Partido Trabalhista, tem usado o episódio para desgastar politicamente o primeiro-ministro a menos de um ano das eleições gerais do Reino Unido.

    A sentença de prisão do ex-editor do tabloide afirma que Coulson deve dividir a maior ""culpa" das escutas. "Ele sabia disso e estimulou quando deveria ter parado", afirma. "É clara a evidência de que havia uma concordância com grampos telefônicos enquanto Andy Coulson era editor", diz trecho da decisão.

    Além de Coulson, outros três jornalistas, hierarquicamente abaixo dele, também foram sentenciados nesta sexta. Dois deles, Neville Thurlbeck e Greg Miskiw, pegaram seis meses de prisão, e James Weatherup, 200 horas de serviços comunitários. O detetive particular Glenn Mulcaire também terá que prestar serviço comunitário por seu envolvimento no caso.

    Enquanto Coulson recebeu uma condenação, sua antecessora, Rebekah Brooks, foi absolvida. Além de editora do tabloide entre 2000 e 2003, ela havia sido diretora-executiva do conglomerado que controlava os jornais britânicos do império de Murdoch, sendo considerada a mais influente jornalista do grupo até então.

    Com a extinção do "News of the World", o grupo reúne hoje no Reino Unido os jornais "The Times", "The Sun" e "The Sunday Times". O escândalo levou o governo, com apoio da oposição, a criar um órgão regulador de imprensa, que vem enfrentando resistência de parte dos jornais britânicos.

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