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    Lucro do Banco do Vaticano cai em 2013

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    08/07/2014 11h35

    No primeiro ano do papado de Francisco, o lucro líquido do Banco do Vaticano desabou em 2013, ao passar de € 86,6 milhões (R$ 261 milhões) a € 2,9 milhões (R$ 8,74 milhões), em grande parte pelos custos do processo de reforma da instituição financeira.

    O Instituto para as Obras de Religião (IOR), o nome oficial do banco do Vaticano, anunciou o resultado em um comunicado nesta terça, no qual também anuncia mudanças em sua direção.

    A reforma da gestão das finanças do Vaticano é um dos maiores desafios para o papa Francisco, que prometeu após sua eleição, em março de 2013, colocar ordem no IOR, que esteve envolvido em vários escândalos de lavagem de dinheiro.

    O IOR atribuiu a queda do lucro em 2013 aos custos da reforma, mas também a algumas operações ruins. Entre estas, cita um caso de perda de € 15,1 milhões (R$ 45,5 milhões), sem entrar em detalhes.

    Sobre isso, o cardeal italiano Tarcisio Bertone, secretário de Estado de Bento 16, foi criticado pela imprensa italiana por ter favorecido uma arriscada operação em benefício de um amigo, produtor de televisão católico, justamente pelo valor de € 15 milhões (R$ 45,2 milhões).

    Apesar da queda no lucro, o IOR contribuiu em 2013 com € 54 milhões ao orçamento da igreja dedicado às obras de caridade e evangelização, um valor igual ao de 2012.

    O lucro de 2013 do IOR teria sido de € 70 milhões (R$ 211 milhões) sem as medidas tomadas por causa da reforma na instituição. Nos primeiros seis meses de 2014, o banco teve lucro líquido de € 57,4 milhões (R$ 173 milhões).

    MUDANÇAS

    Todas as contas de clientes serão controladas a partir de agora, segundo o comunicado do IOR.

    Desde 2013, o Instituto fechou definitivamente quase 3.000 contas –2.600 não haviam sido utilizadas por um longo período e 396 não se encaixavam na lista restrita de categorias admitidas no IOR.

    Apenas serão autorizados a ter contas no IOR as instituições católicas, os membros do clero, os funcionários ou ex-funcionários do Vaticano (para salários e aposentadorias), as embaixadas e diplomatas credenciados.

    O fechamento das contas provocou a saída de quase € 44 milhões (R$ 132,6 milhões), dos quais € 37 milhões (R$ 111,5 milhões) foram transferidos para outras instituições financeiras, a imensa maioria na Itália.

    Outras 359 contas devem ser fechadas, segundo o IOR. No total, o banco tem agora quase 15.500 clientes, alguns dos quais têm mais de uma conta. Em 2012, eram 18.900 e, em dezembro de 2013, eram 17.419 contas. Destas, 5.043 eram contas de instituições católicas (80% dos recursos) e 12.376 contas individuais (20%).

    O IOR também confirmou a chegada de uma nova equipe de direção. O alemão Ernst von Freyberg, nomeado por Bento 16 pouco antes de sua renúncia, deve deixar o cargo. Segundo a imprensa francesa, o francês Jean-Baptiste de Franssu deve assumir. Ele dirige uma consultoria de fusões e aquisições e colabora sem receber nada na reforma econômica do Vaticano há um ano.

    Von Freyberg, que iniciou as reformas, contratou uma empresa de consultoria para verificar as contas do IOR. Também exigiu nos últimos dois anos a publicação de um relatório anual, fato inédito em 126 anos de existência do banco. Ele definiu as reformas como um processo "doloroso, mas necessário".

    George Pell, o cardeal australiano escolhido pelo Papa Francisco como chefe da recém criada Secretaria de Economia do Vaticano, disse que foi graças às mudanças feitas sob Von Freyberg que o banco agora era capaz de passar "para uma segunda fase da reforma sob nova liderança".

    Detalhes da mudanças no Banco do Vaticano serão anunciadas nesta quarta (9), mas fontes adiantaram que a instituição deverá abandonar as atividades de investimento e se dedicar principalmente ao serviço de pagamentos para a Igreja Católica de Roma.

    NÚMEROS

    A Igreja Católica informou nesta terça-feira (8) que teve um deficit de € 24,4 milhões (R$ 73,5 milhões) em 2013, causado principalmente pela variação do preço do ouro, que caiu 28,24% no ano passado, levando a um prejuízo de € 14 milhões (R$ 42,2 milhões).

    Em 2012 a igreja tinha registrado um superavit de € 2,2 milhões (R$ 6,6 milhões).

    A nota também mostra os números do balanço do governo do Vaticano, responsável por cuidar da gestão do Estado. Neste caso, o resultado mostra superavit de € 33 milhões (R$ 99,5 milhões), uma alta de € 10 milhões em relação a 2012.

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