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    Carta cobra resposta brasileira ao pedido de asilo de Snowden

    DE SÃO PAULO

    14/07/2014 02h00

    Várias organizações brasileiras elaboraram uma carta aberta à presidente Dilma Rousseff para pressioná-la a dar uma resposta ao pedido de asilo feito por Edward Snowden.

    O americano, que é ex-agente da CIA, foi o responsável pelo vazamento que revelou a extensão da espionagem praticada pela americana NSA (Agência de Segurança Nacional) e se diz perseguido pelo governo dos EUA, que quer levá-lo à Justiça.

    Recentemente, ele pediu a renovação do asilo temporário com validade de um ano que recebeu do governo russo no ano passado e que o levou a se instalar em Moscou. O aval expirará no próximo dia 31.

    Entre as entidades que assinam o documento, estão a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Conselho Federal de Psicologia (CFP), a União Nacional dos Estudantes (UNE), a organização internacional Repórteres sem Fronteiras e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

    "O Brasil foi o país que mais se beneficiou das revelações de Snowden", afirma a carta, que será entregue em Brasília na próxima quarta-feira (16), no último dia da 6ª Cúpula dos Brics.

    Foi Snowden quem denunciou que a espionagem americana havia atingido cidadãos e empresas brasileiras, além da própria presidente Dilma, que teria tido o celular grampeado.

    "Cabe reiterar que existe uma tradição diplomática brasileira de não negar asilos políticos, como no caso do italiano Cesare Battisti", continua o documento.

    O texto lembra que faz cerca de um ano que Snowden chegou a pedir asilo ao Brasil e a outros 20 países, antes de ser aceito na Rússia.

    "Apesar de a maioria dos países terem dado suas respostas, negativas, o governo brasileiro continua alegando que não recebeu formalmente o pedido, mesmo após Edward Snowden ter reiterado seu pedido em entrevista televisiva [ao "Fantástico", da TV Globo], no dia 4 de junho", afirma o carta.

    A carta cita ainda o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho.

    "É bom a gente lembrar que, se não fosse o nosso amigo Snowden e todo o processo desencadeado a partir da denúncia que ele fez, certamente não estaríamos aqui neste momento. Ele revelou o ataque que sofremos", afirmou em um debate sobre internet, em abril passado.

    O escândalo da espionagem prejudicou as relações entre os EUA e o Brasil. Dilma fez do assunto tema de seu discurso à Assembleia-Geral das Nações Unidas, em setembro de 2013, e cancelou uma visita de Estado ao país.

    Outra vítima da espionagem foi a chanceler alemã, Angela Merkel. Na última quinta-feira (10), ela pediu que o chefe do escritório da CIA (agência de inteligência americana) em Berlim deixasse o país.

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