A Malásia chegou a um acordo com Aleksander Borodai, líder de um grupo separatista rebelde no leste da Ucrânia, para retirar os corpos de vítimas da tragédia do voo MH17.
É o que disse o primeiro-ministro da Malásia, Najob Razak, na manhã desta terça-feira (22), pelo horário da Malásia (segunda, 21, em Brasília).
Eles também chegaram a um acordo para a entrega das duas caixas-pretas do Boeing-777 da Malaysia Airlines, que caiu na Ucrânia na última quinta-feira (17) com 298 pessoas a bordo, disse Razak em entrevista à imprensa.
Investigadores internacionais independentes também tiveram garantido o acesso ao local da queda para começarem uma investigação plena, segundo o premiê.
"Nos últimos dias, nós temos trabalhado nos bastidores para estabelecer contato com aqueles que controlam o local da queda do MH17. Esse contato foi feito agora", declarou Razak em um discurso na TV.
"Sob circunstâncias difíceis e fluidas, temos analisado os problemas que nos ocupam a todos: obter evidências vitais sobre o avião, lançar uma investigação independente e, acima de tudo, recuperar os restos dos que perderam a vida."
Pelo acordo, os restos de 282 pessoas seriam transportados de trem da cidade de Torez para Kharkov. Lá, seriam entregues a representantes da Holanda. Razak não especificou o que aconteceu com os demais corpos.
Nesta segunda, um trem com cerca de 200 corpos já havia deixado Torez. A reportagem da Folha acompanhou a partida.
Os restos mortais serão transportados a Amsterdã em um avião militar Hercules C130 da Holanda, com seis membros de uma equipe malasiana que os acompanhará também no trem.
Razak acrescentou que às 9 horas desta segunda-feira, pelo horário da Ucrânia, as duas caixas-pretas da aeronave foram entregues a uma equipe malasiana em Donetsk, no leste ucraniano.
Por fim, investigadores internacionais terão acesso seguro ao local do desastre e permissão para começar seu trabalho.
"Quero enfatizar que, embora tenha sido alcançado um acordo, ainda será necessário adotar algumas medidas antes que seja concluído", disse Razak. "Ainda há trabalho a ser feito, trabalho que depende de comunicação contínua e de boa fé. Até o momento o sr. Borodai e seu pessoal deram sua cooperação."
CONFRONTOS EM DONETSK
A cidade de Donetsk, sob domínio dos separatistas, viveu um dia de tensão nesta segunda com confrontos entre rebeldes e forças de Kiev na área da estação de trem e do aeroporto.
Ao menos cinco pessoas morreram em explosões. As ruas da cidade ficaram praticamente desertas.
O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, anunciou um cessar-fogo num raio de 40 km da área da queda do avião, em Torez, localizada a 70 km de Donetsk.
