A facção palestina Hamas, que controla a faixa de Gaza, elogiou nesta quinta-feira (24), em entrevista à Folha, o gesto diplomático brasileiro, que no dia anterior havia convocado o seu embaixador em Israel para consulta.

"O passo do Brasil é muito importante. O Brasil está sempre ao lado da justiça", diz o porta-voz Ihab al-Ghussein, parte da liderança do grupo. "Pedimos que todos os países façam o mesmo."

Moradores desse estreito de terra -já na terceira semana de violenta operação militar israelense, com 730 mortos, centenas deles civis- se aproximavam da reportagem da Folha para agradecer o gesto do governo, comparado ao silêncio das demais nações árabes.

A facção palestina Fatah, que controla a Cisjordânia, louvou também a atitude do Itamaraty, mas fez ressalvas à abrangência da medida. "O Brasil entende que a responsabilidade da comunidade internacional não é apenas emitir notas", afirmou à Folha o porta-voz Xavier Abu Eid.

"O que foi feito pelo Brasil é um de diversos passos que todo Estado deveria tomar."

O governo israelense havia respondido, no mesmo dia, com repúdio ao gesto diplomático realizado pelo Brasil.

À Folha a chancelaria de Israel afirmou oficialmente que "o Brasil está escolhendo ser parte do problema, em vez de integrar a solução". "Seu comportamento nesta questão ilustra a razão por que esse gigante econômico e cultural permanece politicamente irrelevante."

O Itamaraty, além de convocar de volta a Brasília o embaixador Henrique Pinto, chamou o embaixador de Israel no Brasil, Rafael Eldad, para protestar. Os gestos são vistos pela comunidade diplomática como sinais de repressão.