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    Análise: Reconciliação palestina originou conflito atual

    MICHAEL KEPP
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    25/07/2014 02h11

    O que desencadeou o conflito mais recente entre Israel e Hamas não foi o assassinato de três adolescentes israelenses na Cisjordânia, em junho, ou o assassinato subsequente de um adolescente palestino por israelenses.

    O conflito foi causado, em grande parte, pela tentativa de Israel de enfraquecer um acordo de reconciliação feito em abril entre o Hamas, que governa Gaza, e o Fatah, que administra parte da Cisjordânia, e que resultou, em junho, em um governo de união.

    Assim que foi anunciado o pacto, Israel suspendeu as conversações de paz.

    O líder do Fatah e presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, prometeu que o governo de união reconheceria Israel (o que o Hamas não faz) e manteria o compromisso de buscar a paz com base na solução de dois Estados (Israel e Palestina).

    Mas isso não foi levado em conta pelo governo israelense, que vê o Hamas como grupo terrorista que busca a destruição do Estado judaico. O pacto ainda ameaça setores linha-dura de Israel que se opõem à solução de dois Estados –e sabem que uma liderança palestina unida seria requisito.

    Israel, além disso, continuou o bloqueio a Gaza em vigor há oito anos, que restringe a entrada de bens essenciais. E também suspendeu os salários de 43 mil funcionários públicos de Gaza.

    Isso atingiu o bolso do Hamas, que enfrenta problemas financeiros desde 2013, quando deixou de apoiar o ditador sírio, Bashar al-Assad –o que levou o Irã, aliado dele, a deixar de financiar o grupo.

    O Hamas também foi enfraquecido por um golpe de Estado no Egito em 2013, que trocou o presidente Mohammed Mursi, seu aliado, pelo general Abdel Fattah al-Sisi, seu rival.

    Um Hamas isolado uniu-se ao Fatah, ajudando a gerar a terceira batalha sangrenta em seis anos com Israel.

    CONFLITO

    Israel sabe que um cessar-fogo e uma retirada de Gaza significarão que o território continuará a ser uma potencial plataforma de lançamento de foguetes contra o país.

    O Hamas, por sua vez, sabe que é pouco provável que Israel atenda às suas reivindicações, como a libertação de prisioneiros.

    No fim, nem um lado nem outro receberá concessões.

    Enquanto isso, o ódio mútuo cresce, especialmente entre os nascidos desde 2000, quando um segundo levante palestino intensificou a violência.

    Essas crianças e jovens provavelmente são mais céticas do que seus pais em relação à paz.

    Deveríamos culpá-las?

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