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    Embaixada do Brasil em Tel Aviv deve ficar vazia por bom tempo

    NATUZA NERY
    DE BRASÍLIA

    25/07/2014 07h37

    A declaração de Israel contra o Brasil foi recebida como um golpe no Itamaraty. Adjetivos como "tacanho" e "aloprado" foram usados à exaustão nos bastidores para descrever o comando diplomático de Tel Aviv.

    Informada logo cedo das declarações dadas pela chancelaria israelense, a presidente Dilma Rousseff reagiu surpresa à crítica de irrelevância política, mas orientou sua equipe a "ignorar" a ofensa. Para ela, "bater boca" seria um erro.

    Nos bastidores, porém, a avaliação de que a embaixada brasileira em Israel ficará vazia por um bom tempo era praticamente unânime.

    O governo Dilma não imaginava resposta tão virulenta, mas esperava algum barulho ao decidir repreender Israel pela escalada de violência em Gaza.

    Petistas ligados à campanha de reeleição demonstraram preocupação com a repercussão do caso dentro da comunidade judaica, bastante influente em São Paulo, Estado onde Dilma vem sofrendo forte rejeição.

    Mas, pela primeira vez em muitos meses, Itamaraty e Planalto estavam minimamente afinados. Em todos os escalões do Ministério das Relações Exteriores houve apoio ao tom da nota avalizada por Dilma, escrita de próprio punho pelo chanceler Luiz Alberto Figueiredo, condenando a ofensiva de Israel sobre civis palestinos em Gaza.

    A avaliação interna é que Israel não se vale apenas de um direito de defesa e não descansará até retomar Gaza.

    Está, segundo diplomatas, dando sinais claros de que não pretende retroceder, apesar do risco crescente de isolamento ante a comunidade internacional.

    Alguns, porém, reconheceram que a ausência de menção ao movimento palestino Hamas no comunicado brasileiro levava à interpretação de que o Brasil havia assumido um lado do conflito, o da Palestina.

    Para auxiliares presidenciais, a reação do Planalto não foi contra Israel, e sim contra a ofensiva considerada desproporcional.

    BRIOS

    Reservadamente, muitos afirmam que o episódio feriu os brios do governo brasileiro e que demorará algum tempo para normalizar as relações. Oficialmente, a ordem é dizer que não há fissuras.

    Elas, porém, serão medidas após a chegada do embaixador brasileiro à capital, o que deve ocorrer em breve.

    Para o Planalto, prolongar uma discussão pública pode ser prejudicial para a política interna.

    Dilma não quer ver o caso sendo usado por adversários na corrida sucessória.

    Isso porque a diplomacia é uma das áreas de pior desempenho da atual administração quando comparado com os oito anos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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