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    Irã confirma prisão de correspondente do "Washington Post"

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
    DE SÃO PAULO

    25/07/2014 12h18 - Atualizado às 16h49

    O Irã confirmou nesta sexta-feira (25) a detenção do correspondente em Teerã do jornal "The Washington Post", Jason Rezaian, e de sua mulher, Yeganeh Salehi, correspondente do jornal "The National", dos Emirados Árabes Unidos.

    Eles foram presos na noite da última terça-feira (22), em casa.

    "O jornalista do 'Washington Post' foi detido para algumas perguntas depois de investigações técnicas; o Judiciário irá fornecer mais detalhes sobre o assunto", declarou Gholam-Hossein Esmaili, que dirige o departamento de Justiça da província de Teerã, à agência oficial Irna, sem especificar a causa da prisão.

    "As forças de segurança iranianas vigiam todo o tipo de atividades dos inimigos", acrescentou Esmaili.

    Rezaian atua como correspondente do jornal em Teerã desde 2012.

    Além de Rezaian e Yeganeh, foram presos Reza Mohammady, engenheiro de informática amigo do casal e que estava com eles no momento da prisão, a fotógrafa e ex-colaboradora da Folha Maryam Rahmanian e seu marido –alto funcionário de uma multinacional americana.

    Mohammady já foi liberado e contatou amigos.

    Rezaian, Maryam e seu marido possuem dupla cidadania, iraniana e americana. Salehi, que é iraniana, já havia dado entrada com o pedido de cidadania americana.

    Maryam, que é fotógrafa freelancer, já teve seu trabalho publicado no jornal francês "Le Monde". Recentemente, ela se aproximou do presidente Hasan Rowhani, centrista com uma agenda relativamente liberal que vem sinalizando maiores liberdades desde que tomou posse, em agosto de 2013.

    A manobra é vista em Teerã como uma jogada do poder Judiciário, reduto conservador cujos membros não são eleitos pela população, para atacar Rowhani.

    Analistas veem um paralelo entre o atual momento do Irã e o governo reformista do presidente Mohammad Khatami (1997-2005), quando o Judiciário reagiu contra o governo reformista com ataques à imprensa e assassinatos políticos.

    As prisões são chocantes porque destoam do clima mais leve para o exercício do jornalismo no país desde que Rowhani assumiu. Desde então, a imprensa estrangeira enfrenta menos burocracias e desconfiança.

    Fontes próximas ao correspondente do "The Washington Post" afirmam que o computador do jornalista estava sendo hackeado pelo regime.

    "Estamos preocupados com o bem-estar de Jason, Yeganeh Salehi e as outras duas pessoas detidas com eles", assinalou o editor do jornal americano Douglas Jehl.

    HISTÓRICO

    O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), com sede em Nova York, pediu nesta quinta-feira (24) a libertação imediata dos jornalistas.

    "O Irã tem um histórico deplorável no que se refere ao tratamento de jornalistas detidos. O governo iraniano é responsável pela segurança dos quatro", afirmou em comunicado o coordenador regional para o CPJ, Sherif Mansour.

    Mansour também pediu que as autoridades iranianas "expliquem imediatamente" o motivo das prisões. Segundo o CPJ, existem 35 jornalistas presos no Irã.

    Estados Unidos e Irã não têm relações diplomáticas formais, o que dificulta a libertação dos cidadãos americanos detidos no país.

    As relações foram rompidas após a revolução islâmica de 1979, mas os dois países têm mantido conversações cada vez mais frequentes, especialmente após a eleição de Rowhani.

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