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    Após sanções, Rússia ameaça UE com aumento no gás e critica EUA

    LEANDRO COLON
    DE LONDRES

    30/07/2014 09h56

    O governo russo atacou nesta quarta-feira (30) os Estados Unidos e afirmou que as novas sanções impostas ao país devem aumentar o custo da energia na Europa.

    É a primeira manifestação oficial de Moscou sobre as medidas anunciadas ontem (29) pelo governo americano e pela União Europeia para barrar o apoio russo aos separatistas do leste ucraniano.

    A Rússia fornece um terço do gás natural consumido pelos europeus. O setor foi incluído no pacote de sanções, como a restrição de negociação de tecnologias com Moscou, por exemplo.

    "A onda de sanções de Bruxelas tem criado barreiras para uma maior cooperação com a Rússia numa esfera tão importante como a de energia. É um passo impensado e irresponsável que conduzirá inevitavelmente a um aumento dos preços no mercado europeu", diz o governo russo.

    Dois comunicados foram divulgados pelo Ministério de Relações Exteriores da Rússia. Um deles, específico sobre os Estados Unidos, diz que é possível enxergar "elementos de comércio sem escrúpulos e competição econômica" nas ações do governo de Barack Obama. Diz ainda que a política americana é "míope" e que as sanções são "ilegítimas" e "destrutivas".

    Segundo o ministério, as medidas criam um "clima desfavorável nas relações internacionais, onde a cooperação entre os países sempre desempenha um papel crucial". "Há uma impressão de que as sanções pressionam para um nível com um único objetivo: um acerto de contas com nossa política independente que tanto incomoda os Estados Unidos", diz o texto.

    As novas medidas –as mais duras contra a Rússia desde o fim da Guerra Fria, em 1991– buscam afetar as áreas de energia, tecnologia, finanças e defesa. A estratégia é enfraquecer o apoio do país aos rebeldes ucranianos.

    "Os Estados Unidos querem apenas evitar a responsabilidade pelos trágicos acontecimentos na Ucrânia", afirma o governo russo, que acusa os americanos de apoiaram o governo ucraniano no conflito contra os rebeldes pró-Moscou

    As potências também acusam Moscou de não ter pressionado os separatistas a facilitar o acesso ao local onde caíram os destroços do avião com 298 pessoas a bordo, provavelmente abatido por um míssil lançado pelos rebeldes.

    O presidente russo, Vladimir Putin, ainda não se pronunciou.

    Uma das sanções é a restrição dos bancos russos para operar no mercado europeu e nos Estados Unidos. Três deles, controlados pela Rússia, não poderão realizar financiamentos a longo prazo em território americano: VTB, Bank of Moscow e Russian Agricultural Bank.

    Instituições bancárias da Rússia estão proibidas de rolar dívidas ou fazer qualquer outro tipo de captação de recursos com bancos europeus pelos próximos três meses, quando esta e as demais sanções serão reavaliadas. Foi anunciado o embargo na negociação de armas e de tecnologias para uso duplo (civil e militar) com os russos, setor que movimenta € 20 bilhões (R$ 60 bilhões) por ano entre Moscou e UE.

    Outra sanção é a barreira na negociação de tecnologias destinadas à exploração petrolífera. As medidas devem receber resistência do setor privado na Europa que faz negócio com a Rússia.

    Mais cedo, o vice primeiro-ministro, Dmitry Rogozi, usou um tom de ironia ao comentar a decisão americana de bloquear ativos da United Shipbuilding Corporation, uma das principais empresas russas de construção militar.

    "É um sinal claro de que a construção naval militar russa está se tornando um problema para os inimigos da Rússia", disse, por meio de sua conta no Twitter.

    Também pelo Twitter, o presidente do comitê de Relações Exteriores do Parlamento, Alexei Pushkov, afirmou que as pessoas já esqueceram que o presidente americano, Barack Obama, ganhou um Nobel da Paz (em 2009). "Obama não vai para a história como um pacificador, mas como quem começou uma nova Guerra Fria", disse.

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