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    Presidente das Avós da Praça de Maio reencontra neto após 36 anos

    FELIPE GUTIERREZ
    DE BUENOS AIRES

    05/08/2014 19h28

    Depois de uma procura que durou 36 anos, Estela de Carlotto, a presidente das Avós da Praça de Maio encontrou seu neto.

    A filha de Carlotto, Laura, deu à luz quando estava presa em uma cadeia clandestina da última ditadura militar argentina (1976-1983).

    O neto de Carlotto –chamado de Guido pela família de sangue– nasceu no fim de junho de 1978.

    Sua mãe, Laura, era militante de uma organização de esquerda, os Montoneros. Ela foi presa ilegalmente quando já estava grávida. Dois meses depois do parto, foi assassinada em um centro de detenção clandestino.

    Florencia Downes/AFP
    Estela de Carlotto (centro) comemora em entrevista coletiva o reencontro com o neto
    Estela de Carlotto (centro) comemora em entrevista coletiva o reencontro com o neto

    A Associação das Avós de Maio foi formada para procurar crianças roubadas de militantes de esquerda e entregues a outras famílias, principalmente de simpatizantes dos militares que governaram a Argentina entre 1976 e 1983. Estela de Carlotto é a avó mais conhecida.

    Com a notícia do encontro com Guido de Carlotto, as avós descobriram o paradeiro de 114 pessoas que foram entregues a outras famílias.

    VISITA À SELEÇÃO

    Nos anos 1990, a associação começou a montar um banco de DNA para comparar os dados genéticos dos parentes com possíveis netos.

    As avós também iniciaram uma campanha para que as pessoas procurassem descobrir sua verdadeira identidade. Elas anunciavam na TV, iam a shows e falavam do projeto antes das bandas tocarem.

    Pouco antes da última Copa do Mundo, as avós visitaram a seleção argentina, que estava concentrada em uma cidade próxima a Buenos Aires. Elas tiraram fotos com Lionel Messi e outros jogadores.

    Segundo a mídia argentina, o neto de Carlotto viu as fotos das avós com os jogadores e resolveu fazer o teste de DNA.

    "Hoje me disseram que é meu neto com 99,999% de probabilidade", afirmou Carlotto. Ela contou que os dois ainda não se encontraram. "Eu não queria morrer sem abraçá-lo", disse, em coletiva de imprensa.

    A sede da associação, no centro de Buenos Aires, ficou lotada de militantes. Como não havia mais lugar dentro do prédio, eles ocuparam os bares ao lado para ouvir a entrevista coletiva de Carlotto.

    "Sabemos quem o entregou [à família adotiva] e quem cuidou dele", afirmou.

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