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    Criança ganha arma de presente dos pais em livro infantil americano

    ISABEL FLECK
    DE NOVA YORK

    13/08/2014 02h00

    Em um livro infantil que tem gerado polêmica nos Estados Unidos, a protagonista Brenna Strong, 13, ganha dos pais uma arma de fogo por ter notas altas na escola.

    Brenna não estranha a rotina dos pais, que, sempre antes de sair de casa, retiram suas armas de um cofre e checam se estão carregadas antes de colocá-las na cintura.

    "O papai diz: 'Brenna, há muita maldade neste mundo, e queremos te proteger da melhor forma (...) Quando é uma questão de segundos, a polícia está a minutos de distância", diz um trecho de "My Parents Open Carry" (meus pais portam armas em público, em tradução livre).

    O livro, de 2011, ganhou visibilidade após ser citado na última semana em programas de TV como o humorístico "The Colbert Report".

    "É uma bela história de ninar: 'O mundo está cheio de maníacos que querem te fazer mal, e a polícia não pode te ajudar. Boa noite, querida'", brincou Stephen Colbert.

    A publicação entrou para a lista de 50 livros infantis sobre educação mais vendidos da Amazon.

    Um dos autores, Brian Jeffs -que ensinou a filha, Brenna, a atirar aos cinco anos com uma arma de brinquedo em seu Estado, Michigan-, disse ter se surpreendido com o aumento nas vendas, três anos após a publicação pela White Feather Press, uma pequena editora conservadora.

    Reprodução
    Ilustração de livro infantil americano mostra pai portando arma ao fazer compras com a filha no mercado
    Ilustração de livro infantil americano mostra pai portando arma ao fazer compras com a filha no mercado

    "Resolvemos escrever sobre isso porque sempre víamos o mesmo tipo de questionamento, mas nunca num livro para crianças", disse Jeffs à Folha.

    "É preciso que as crianças saibam que as armas são ferramentas, que devem ser usadas da maneira correta, com segurança."

    Hoje, 44 dos 50 Estados americanos permitem o porte de arma em público (em 30 não é preciso nem sequer permissão). Ativistas contra as armas culpam essa facilidade pela ocorrência periódica de massacres, como o ocorrido em uma escola primária de Newtown, em 2012, que deixou 26 mortos.

    O livro -que traz ilustrações da família Strong fazendo compras no mercado com as pistolas na cintura e dos pais atirando com a filha- é recomendado pelos dois autores a professores de escolas em todo o país.

    "Este livro é um excelente texto para ser usado como ponto de partida para a discussão da Segunda Emenda [que garante o direito ao porte de armas]", asseguram os autores no texto de introdução da obra.

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