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    Comboio russo atravessa para Ucrânia, que denuncia invasão

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    22/08/2014 08h31

    Os primeiros caminhões do comboio humanitário russo atravessaram nesta sexta-feira (22) a fronteira ucraniana sem a autorização de Kiev. Alguns já chegaram a Lugansk, segundo a agência russa Interfax.

    O diretor dos serviços de segurança da Ucrânia, Valentin Nalivaichenko, acusou a Rússia de "invasão direta" do território. A Ucrânia não vai usar força contra o comboio para evitar provocações, disse Nalivachenko.

    O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, disse que a entrada do comboio representou uma violação do direito internacional e apelou a Moscou para colocar a situação de volta ao marco legal internacional.

    Segundo Poroshenko, mais de cem caminhões entraram no país sem vistoria aduaneira. Os caminhões eram acompanhados por separatistas, segundo a Reuters.

    Paul Ricard, observador da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), disse que apenas 34 passaram por uma inspeção entre quinta-feira (21) e a madrugada de sexta-feira, mas que a carga dos demais não foi inspecionada.

    A Ucrânia apelou à comunidade internacional para condenar as ações da Rússia como ilegais e agressivas.

    REAÇÃO

    "Os Estados Unidos estão muito preocupados com a movimentação do comboio russo na Ucrânia, violando sua integridade territorial, e apela a Moscou que retire seu equipamento e seu pessoal imediatamente", o Pentágono disse nesta sexta-feira.

    John Kirby, secretário de imprensa do Pentágono, disse em entrevista coletiva que se a Rússia não se retirar haverá "custos e isolamento adicionais".

    Os EUA e a UE já aplicaram uma série de sanções a russos e a setores da economia russa em resposta a suposta intervenção de Moscou na crise ucraniana.

    O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, também criticou a entrada do comboio russo.

    "Condeno a entrada de um suposto comboio humanitário russo em território ucraniano sem o consentimento das autoridades ucranianas e sem qualquer participação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha", disse em comunicado.

    A Otan denunciou ainda nesta sexta que o Exército russo deslocou artilharia para dentro do território ucraniano nos últimos dias. As armas estariam sendo usadas para combater forças ucranianas.

    Segundo o órgão, desde agosto há relatos de envolvimento direto das forças russas ajudando os separatistas.

    A União Europeia também denunciou a violação da fronteira ucraniana.

    AJUDA HUMANITÁRIA

    Os caminhões, carregados com água, geradores e sacos de dormir enviados por Moscou, são destinados aos civis na cidade de Lugansk, no lesta de Ucrânia, onde ocorrem combates entre separatistas pró-russos e forças do governo ucraniano. A cidade está cercada pelo Exército e há mais de três semanas falta água, luz e a rede de telefonia está inoperante.

    Minutos antes da entrada dos caminhões, a chancelaria russa havia anunciado que o comboio com ajuda humanitária russa para a população do leste da Ucrânia entraria no país mesmo sem autorização do governo de Kiev.

    Os caminhões ficaram estacionados na fronteira por mais de uma semana, levando o ministério das Relações Exteriores da Rússia a criticar Kiev por dificultar a entrega.

    "Todos os pretextos destinados a retardar a entrega de ajuda às zonas em situação de catástrofe humanitária se esgotaram. A Rússia decidiu agir. Nosso comboio com ajuda humanitária está seguindo para Lugansk", afirma um comunicado do ministério das Relações Exteriores.

    A Rússia culpou o governo de Kiev por continuar a atacar zonas residenciais por onde o comboio teria que passar, tornado assim o trajeto inseguro.

    INSPEÇÃO

    Os primeiros caminhões do comboio atravessaram a fronteira russa em direção à Ucrânia na quinta (21) e foram inspecionados pelos guardas de fronteira ucranianos, um procedimento indispensável para que o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) possa distribuir a ajuda à população de Lugansk.

    Nesta sexta, eles avançaram pela fronteira ucraniana através do posto de fronteira de Izvaryne, controlado pelas milícias separatistas pró-russas. Na quinta, os rebeldes haviam concedido aos guardas de fronteira ucranianos permissão para acessar o local e verificar os caminhões.

    O CICV, no entanto, afirmou nesta sexta que seus representantes não estão acompanhando o comboio humanitário russo que entrou no leste da Ucrânia, pois não receberam "garantias de segurança suficientes".

    A decisão de que não era seguro transportar a carga humanitária foi tomada depois que uma pequena equipe de dirigentes do Comitê informou sobre intensos bombardeios durante a noite no reduto rebelde de Lugansk.

    Pouco depois de deixar da cidade fronteiriça de Izvaryne, o comboio saiu da estrada principal para Lugansk e seguiu para o norte em uma estrada de terra. Essa rota também leva a Lugansk e o desvio deve ter o objetivo de evitar as áreas controladas pelas tropas do governo.

    As autoridades ucranianas temem que o comboio, de 260 veículos, sirva de pretexto para uma intervenção direta da Rússia na Ucrânia, o que Moscou nega.

    Moscou alega que "todas as garantias indispensáveis foram apresentadas" e que o itinerário previsto do comboio foi verificado pelo CICV.

    O comboio, com cerca de duas mil toneladas de ajuda, partiu dos arredores de Moscou há dez dias e há oito está na fronteira com a Ucrânia.

    A Rússia nega o envio de armas para ajudar os rebeldes no leste da Ucrânia, que sofreram uma série de derrotas nas últimas semanas. Os separatistas se concentram agora em torno das cidades industriais de Donetsk e Lugansk.

    Depois de quatro meses de combates, causando mais de 2.000 mortes, o leste ucraniano enfrenta uma crise humanitária –faltam alimentos, remédios e água limpa.

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