O presidente francês, François Hollande, solicitou nesta segunda-feira (25) ao primeiro-ministro Manuel Valls a formação de um novo governo, que será anunciado na terça-feira, informou a presidência.
"O chefe de Estado pediu a formação de uma equipe coerente com as orientações que ele mesmo definiu para o nosso país", afirma o comunicado da presidência.
A crise sobre a política econômica do governo abala a administração de Hollande.
O presidente "recebeu esta manhã o primeiro-ministro", informa o comunicado. "Manuel Valls apresentou ao presidente da República a renúncia de seu governo".
O ministro francês da Economia, Arnaud Montebourg, que representa a ala de esquerda do Partido Socialista, recebeu graves advertências da equipe de Valls por suas críticas à política econômica do governo.
"Consideramos que ultrapassou uma linha amarela, na medida que um ministro da Economia não pode manifestar-se em tais condições sobre a linha econômica do governo e sobre um sócio europeu como a Alemanha", declarou à AFP um integrante da equipe de Valls.
Em uma entrevista publicada no sábado pelo jornal Le Monde, Montebourg criticou a linha econômica de Valls e Hollande, ambos socialistas como ele, assim como a "política de austeridade imposta pela Alemanha a toda Europa".
Em suas críticas lhe seguiu o ministro de Educação, que também pediu ao presidente francês que se separe da linha política da chanceler alemã, Angela Merkel.
"A Alemanha serve a seus interesses pessoais, não aos da Europa", declarou o titular de Educação.
Montebourg confirmou nesta segunda-feira as críticas à política econômica de François Hollande e de Manuel Valls, ao mesmo tempo que se defendeu de uma possível infração à solidariedade governamental.
A fraqueza da economia foi um fator importante para a queda do índice de aprovação de Valls para 36% neste mês. Hollande continua a ser o presidente mais impopular da França em mais de meio século, segundo uma pesquisa do Ifop do domingo (24).
Valls foi nomeado para liderar o governo em uma remodelação do gabinete em março, após os socialistas no poder sofrerem uma derrota nas eleições locais.