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    Hamas e Israel cumprem primeiro dia do cessar-fogo permanente

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    27/08/2014 11h59

    O cessar-fogo sem prazo para terminar na faixa de Gaza continuou a ser obedecido nesta quarta-feira (27), enquanto o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, enfrenta duras críticas em Israel por causa do conflito contra militantes palestinos, do qual nenhum lado saiu claramente vitorioso.

    Nas ruas de Gaza, território controlado pelo Hamas, pessoas aproveitavam para ir às lojas e aos bancos, na tentativa de retomar um ritmo de vida normal após sete semanas de confrontos. Milhares de outros moradores, que fugiram do conflito e se abrigaram com parentes ou em escolas, retornaram para casa.

    Em Israel, não houve som de sirenes de alerta para foguetes vindos da faixa de Gaza.

    De acordo com relatos da imprensa, Netanyahu se recusou a conduzir uma votação do gabinete de segurança antes de aprovar o cessar-fogo, ao qual pelo menos quatro dos seus oito membros contestavam.

    Isso rendeu críticas dos membros da coalizão de governo de Netanyahu,que expressaram decepção com a atuação do premiê durante o mais longo confronto entre israelenses e palestino em uma década.

    "Após 50 dias de guerra, na qual uma organização terrorista matou dezenas de soldados e civis, destruiu a rotina diária e colocou o país em um estado de dificuldade econômica... poderíamos esperar muito mais do que o anúncio de um cessar-fogo", escreveu o analista Shimon Shiffer no Yedioth Ahronoth, jornal mais vendido de Israel.

    "Poderíamos esperar que o primeiro-ministro fosse à residência do presidente e informasse a ele sobre sua decisão de renunciar a seu cargo", acrescentou.

    Netanyahu, que enfrenta constante pressão de ministros direitistas em seu gabinete por uma ação militar para retirar o Hamas do poder na faixa de Gaza, não emitiu nenhum comentário sobre o acordo de trégua, que foi mediado pelo Egito e começou a ter efeito na noite de terça-feira (26) às 19h00 local (13h00 de Brasília).

    CONFLITO

    Autoridades de saúde palestinas disseram que 2.139 pessoas, a maioria civis, incluindo mais de 490 crianças, foram mortas desde 8 de julho, quando Israel lançou uma ofensiva com o objetivo de interromper o lançamento de foguetes.

    O número de mortos em Israel foi de 64 soldados e cinco civis.

    O acordo de cessar-fogo prevê uma interrupção sem prazo das hostilidades, a imediata abertura das passagens da faixa de Gaza com Israel e o Egito, e o alargamento da área de pesca do território no Mediterrâneo.

    De acordo com o chefe da delegação palestina, Azzam al-Ahmed, deve entrar imediatamente em vigor "o processo de abertura das passagens para as necessidades humanitárias e de alimentos, de equipamentos médicos e de tudo o que irá ajudar a reparar os sistemas de fornecimento de água, energia elétrica e telefonia móvel".

    Israel e Egito encaram o Hamas como uma ameaça à sua segurança e buscam garantias de que armas não vão entrar no território de 1,8 milhão de habitantes.

    Em segundo estágio da trégua, que começaria após um mês, israelenses e palestinos começariam a discutir sobre a construção de um porto marítimo na faixa de Gaza e a libertação de prisioneiros do Hamas na Cisjordânia, possivelmente em troca dos corpos de dois soldados israelenses que se acredita tenham sido capturados pelo Hamas, disseram autoridades.

    "Não haverá nenhum porto, nenhum aeroporto e nada que possa servir à produção de foguetes ou escavação de túneis, esta será a posição que vamos apresentar na retomada das negociações" no Cairo, declarou o vice-ministro das Relações Exteriores, Tzahi Hanegbi, à rádio pública.

    Israel tem dito nas últimas semanas querer a completa desmilitarização da faixa de Gaza. Os Estados Unidos e a União Europeia apoiaram a meta, mas não ficou esclarecido o que isso significaria na prática e o Hamas rejeitou a proposta como impraticável.

    VITÓRIA

    Os líderes do Hamas apareceram terça à noite para comemorar junto com a população a suposta vitória e garantindo aos habitantes de Gaza que em breve teriam um porto e aeroporto.

    "Na terra da orgulhosa Gaza, o povo unido conquistou vitória absoluta contra o inimigo sionista", disse um comunicado do Hamas.

    Israel afirmou ter desferido um duro golpe contra o Hamas, matando vários de seus líderes militares e destruindo túneis usados pelo grupo para atravessar a fronteira.

    "O braço militar do Hamas foi gravemente atingido, sabemos disso claramente por meio de inequívocos dados de inteligência", disse Yossi Cohen, conselheiro de segurança nacional de Netanyahu, à estação Army Radio.

    O secretário de Estado americano, John Kerry, saudou o acordo, esperando que esta nova trégua seja mantida, assim como o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que disse esperar que o cessar-fogo seja um "prelúdio de um processo político".

    O chanceler francês, Laurent Fabius, também desejou um cessar-fogo "durável", enquanto o Irã saudou a "vitória" dos palestinos, e o Catar, um dos principais aliados do Hamas, afirmou que o acordo vai ajudar a "acabar com o sofrimento do povo palestino e alcançar suas reivindicações legítimas."

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