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    Ocidentais que se uniram aos radicais podem chegar a 3 mil

    ISABEL FLECK
    DE NOVA YORK

    30/08/2014 02h00

    Duas mortes na última semana confirmaram o envolvimento de cidadãos dos EUA e do Reino Unido com a milícia radical Estado Islâmico (EI) na Síria. Na primeira, o jornalista americano James Foley foi decapitado por um britânico recrutado pelos jihadistas. Na outra, foi o americano Douglas McCain, convertido ao islamismo, que morreu em combate ao lutar ao lado da facção.

    Os dois fazem parte de um contingente de mais de 12 mil estrangeiros, de 81 países, que foram lutar na Síria nos últimos três anos, segundo um levantamento coordenado por Richard Barrett, ex-diretor de contraterrorismo do MI-6 (serviço de inteligência britânico). Destes, 3.000 teriam como origem países ocidentais.

    Até a última quinta-feira (28), a inteligência dos EUA havia identificado 12 americanos que viajaram para a Síria para lutar ao lado do EI, mas fontes do governo revelaram à rede CNN que eles podem somar mais de cem.

    No Reino Unido, o premiê David Cameron disse que a inteligência britânica estima que mais de 500 cidadãos do país estejam envolvidos com extremistas na Síria e, potencialmente, no Iraque.

    Para o presidente Barack Obama, a associação de americanos com o EI representa a maior ameaça aos EUA desde os ataques de 11 de setembro de 2001.

    Para Barrett, é possível que as milícias se aproveitem de ocidentais recrutados para realizar atentados em território europeu ou americano. "Tenho dúvidas se essa era sua intenção inicial quando eles foram para a Síria, mas essas pessoas podem se radicalizar nesse ambiente e se transformar em terroristas", disse à Folha o ex-agente britânico, que hoje faz parte da consultoria Soufan Group, de Nova York.

    O especialista em contraterrorismo Mike Lyons, do instituto Truman National Security Project, também considera que o risco de atentados em solo americano existe e deve ser monitorado.

    "Após o retorno bem sucedido aos EUA, estes indivíduos poderiam agir sozinhos ou recrutar outras pessoas que não foram para a Síria para executar um plano terrorista maior", diz Lyons. "O governo deve identificar quem são esses indivíduos que conspiraram com o EI e acompanhá-los num eventual retorno ao país."

    Segundo os especialistas, são vários os fatores que atraem os ocidentais para grupos extremistas.

    "Geralmente há uma busca por mudança, uma insatisfação com a vida atual, além do sentimento de que a pessoa pode fazer a diferença", afirma Lyons.

    Como o principal objetivo do EI é criar um regime islâmico em territórios da Síria e do Iraque, a identificação por meio da religião pode ganhar ainda mais força.

    "Há um sentimento de propósito, pertencimento e identidade. O verniz religioso colocado pelo EI em suas ações pode fazer com que eles acreditem que o que estão fazendo é certo", observa.

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