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    Britânico diz ter descoberto identidade de Jack, o Estripador

    LEANDRO COLON
    DE LONDRES

    14/09/2014 02h00

    Jack, o Estripador, era um imigrante polonês, de 23 anos, chamado Aaron Kosminski. É o que garante um detetive amador sobre um dos "serial killers" mais famosos de todos os tempos.

    "Não tenho dúvidas de que descobri quem era Jack. Estou 100% seguro", disse à Folha Russell Edwards, 48, um empresário metido a detetive fascinado pela história do criminoso do fim do século 19.

    Uma obsessão que o levou a investigar por conta própria um mistério de 126 anos: afinal, qual era o verdadeiro nome do assassino que matou ao menos cinco prostitutas em Londres, mutilando os corpos e retirando os órgãos de suas vítimas?

    Edwards lançou na última terça-feira (9) o livro "Naming Jack The Ripper" (Identificando Jack, o Estripador, em tradução livre).

    Virou celebridade instantânea no Reino Unido e, claro, alvo de ciumeira e questionamento dos "experts" em Jack, o Estripador.

    A fama do livro não é só pela suposta revelação da identidade do "serial killer", mais uma entre tantas outras dezenas especuladas até hoje em filmes e livros.

    Mas também por causa de um enredo recheado de "novidades" (e dúvidas, claro) que ajudam a cultivar o mistério sobre o personagem.

    XALE

    Desta vez, a identidade de Jack (apelido dado ao criminoso) é revelada com base num inédito xale supostamente encontrado junto ao corpo de uma das vítimas, Catherine Eddowes, 46, morta em 30 de setembro de 1888.

    Catherine foi a quarta vítima de Jack, que retirou o rim esquerdo e parte do útero da mulher. Naquela mesma noite, morrera a terceira vítima, Elizabeth Stride, 44, ambas em Whitechapel, bairro que hoje oferece até um "tour" pelos locais dos crimes.

    O empresário detetive diz ter comprado o xale num leilão em 2007. Segundo sua versão, o pano foi achado na cena do crime por um policial chamado Amos Simpson e guardado por dezenas de anos por seus descendentes.

    Leandro Colon/Folhapress

    O xale nunca havia sido lavado, garante Edwards: "Graças a Deus, porque isso ajudou a manter a prova por todo esse tempo".

    A Folha pediu para ver o pano, mas só teve acesso a uma foto, a mesma publicada no livro. "O pano está guardado num lugar seguro", afirma o empresário.

    O autor do livro diz ter feito um exame de DNA em cima de supostas manchas de sangue e esperma que, segundo ele, se perpetuaram no tecido por todo esse tempo.

    O xale, segundo o livro, era mesmo de Catherine, e os exames comprovam a presença de traços genéticos do judeu polonês Aaron Kosminski, que sempre apareceu na lista de suspeitos –ele morreu num asilo para doentes mentais em 1919.

    Para chegar ao resultado, Edwards afirma ter tido ajuda de dois especialistas em biologia molecular, um de Liverpool e outro de Leeds, e a contribuição de uma descendente direta de Catherine, chamada Karen Miller, e outra de Kosminski, cujo nome é mantido em segredo "por segurança".

    "Foi emocionante quando recebi o resultado do exame, em fevereiro deste ano. O mesmo sentimento que tive quando meus dois filhos nasceram", afirmou Edwards em entrevista à Folha, na última quarta-feira (10).

    POLÊMICA

    Nem bem chegou às prateleiras, a obra já é contestada. Afinal, Edwards não deixa ninguém chegar perto do xale, nem submeteu os exames a cientistas independentes para comprovar a autenticidade do resultado em um material tão antigo.

    Criador do processo de identificação do DNA por digitais para a solução de crimes, o professor britânico Alec Jeffreys declarou à mídia britânica que os testes deveriam ser revisados.

    Em entrevista ao jornal britânico "The Times", Donald Rumbelow, ex-policial especialista em Jack, diz que o tal xale nunca esteve na lista oficial de materiais encontrados na cena do crime.

    Diante da polêmica, o empresário autor do livro reage: "Só quem quer perpetuar o mito terá dúvidas. Se eu tivesse dúvidas, faria mais testes. A única coisa que quero é contar ao mundo quem foi Jack, o Estripador".

    Editoria de arte/Folhapress

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