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    Plebiscito termina na Escócia e resultado deve sair nesta sexta

    LEANDRO COLON
    ENVIADO ESPECIAL A EDIMBURGO

    18/09/2014 18h23

    Terminou às 22h (18h, horário de Brasília) desta quinta-feira (18) o histórico plebiscito sobre a permanência da Escócia como parte do Reino Unido.

    A apuração dos votos do país começou logo em seguida. Os primeiros resultados devem sair ainda na noite desta quinta, mas os números finais estão previstos para serem divulgados somente na sexta (19).

    Militantes da campanha pela independência da Escócia intensificaram até o último minuto a boca-de-urna para tentar reverter o cenário das pesquisas que mostram vantagem do voto "Não", contra a separação do Reino Unido.

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    A Folha visitou algumas seções de votação na capital Edimburgo, entre elas uma localizada em um café da cidade e outra em um hotel.

    Embora simpatizantes dos dois lados estivessem buscando votos de última hora, era visível uma maior mobilização dos escoceses pró-independência.

    "Eu acredito na virada, ainda mais porque as pesquisas podem não ter atingido a população mais jovem, que defende a separação", disse Jean Findlay, 50, ativista pela separação.

    Cerca de 4,2 milhões de pessoas que vivem em território escocês estavam aptas a responder sim ou não à pergunta: "A Escócia deve ser um país independente?".

    Pesquisas divulgadas na noite de quarta (17) apontam vitória apertada do "Não".

    No levantamento do instituto "YouGov", o voto pelo "Não" tem 52%, o "Sim", 48% —sem considerar os indecisos, que são 6%.

    O instituto Ipsos-Mori divulgou nesta quinta uma última pesquisa, com um placar de 53% a 47% pelo "Não".

    AUTONOMIA

    A campanha pelo "Sim" ganhou um apoio de última hora nesta manhã: do tenista escocês e campeão olímpico, Andy Murray. Ele declarou que, em caso de independência, vai disputar os Jogos Olímpicos pela Escócia.

    Mesmo que permaneçam parte do Reino Unido, os escoceses já podem celebrar uma conquista: em troca do voto "Não", o governo britânico e a oposição prometeram mais autonomia financeira e política à Escócia.

    Já o primeiro-ministro britânico, o conservador David Cameron, não tem muito o que comemorar, mesmo que o "Não" vença.

    Impopular entre os escoceses, Cameron deve sair desgastado da campanha, que ignorava até o crescimento do "Sim".

    Diante dos rumores de que teria de renunciar caso o "Sim" vencesse, Cameron se aliou ao adversário e líder trabalhista Ed Miliband, cuja sigla é mais forte na Escócia.

    O premiê visitou então a região duas vezes para apelar pelo voto que poderia desmantelar o Reino Unido, formado por Escócia, Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales.

    Nesta quarta (17), Cameron reafirmou que não renuncia em hipótese alguma.

    A separação seria um desastre também para os trabalhistas, que dependem do país para equilibrar o jogo em Londres, ainda mais em 2015, ano de eleição geral.

    Em 2010, o partido levou 41 das 59 cadeiras da Escócia no Parlamento britânico.

    Até a rainha Elizabeth 2ª, que anunciara neutralidade, pediu que os escoceses votassem com "cuidado".

    Por meio do Twitter, a Casa Branca reafirmou ontem a posição do presidente Barack Obama contra a independência e a favor de um Reino Unido "forte e robusto".

    As autoridades prometem anunciar o resultado até a manhã desta sexta (19).

    Se o "Sim" vencer, a independência valeria de fato a partir de 2016, após um período de transição.

    Em sua mensagem final, o primeiro-ministro do Parlamento local, Alex Salmond, líder da campanha pela independência, disse que a Escócia seria o "amigo mais próximo e aliado comprometido" do Reino Unido.

    Salmond é líder do Partido Nacionalista Escocês (SNP), que conquistou o poder regional em 2011, o que levou o governo britânico a aceitar um acordo para realizar o histórico plebiscito.

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