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    Plebiscito abre corrida para eleição britânica

    LEANDRO COLON
    DE LONDRES

    21/09/2014 06h39

    A conclusão do plebiscito de independência da Escócia transformou-se no pontapé da campanha para as eleições gerais do Reino Unido, marcadas para maio de 2015.

    A partir de agora, com a garantia dos escoceses no tabuleiro, conservadores e trabalhistas começam a corrida pelo governo britânico –tendo nas laterais os liberais democratas e a crescente extrema-direita do Ukip.

    A permanência da Escócia evitou um desastre político na carreira do primeiro-ministro conservador David Cameron, que buscará seu segundo mandato.

    Em sua sombra no Partido Conservador estão o prefeito de Londres, Boris Johnson, que disputa uma vaga no Parlamento, e os ministros George Osborne (Finanças) e Theresa May (Interior).

    A separação da Escócia aumentaria a pressão pela renúncia do chefe de governo, colocando seu partido numa situação de fragilidade.

    Impopular naquele país, dominado pelos trabalhistas, Cameron teve que passar pelo constrangimento de visitá-lo duas vezes nos dias que antecederam o plebiscito para apelar pelo voto contra sua independência.

    Recentes pesquisas têm apontado ligeira vantagem dos trabalhistas na disputa pelas cadeiras do Parlamento britânico, critério que define, pelo sistema parlamentarista, quem comanda o governo do Reino Unido.

    Levantamento do instituto Opinium com 1.960 eleitores, divulgado pelo jornal "The Guardian" no dia 13 de setembro, mostra os trabalhistas com 37% da preferência, ante 29% dos conservadores.

    Os liberais democratas têm apenas 7%, e o Ukip, fenômeno de extrema-direita na eleição do Parlamento europeu, aparece com 19%.

    Os conservadores não têm garantia de que os liberais democratas, hoje no governo com o vice-chefe de governo Nick Clegg, topariam nova coalizão, fundamental em 2010 para Cameron ser eleito e brecar 13 anos de governo trabalhista.

    Ciente do cenário que pode derrotá-lo em 2015, Cameron tentou faturar o resultado do plebiscito da Escócia.

    Com discurso voltado para os ingleses, deixou claro que as medidas de autonomia fiscal e de gestão de recursos aos escoceses devem ser ampliadas aos demais membros do Reino Unido.

    Cameron conta ainda com a simpatia dos britânicos pela promessa de que, se eleito, pretende realizar um plebiscito em 2017 sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, a quem, sempre que pode, responsabiliza pelas turbulências que atingem a ilha.

    Apesar das pesquisas favoráveis, o Partido Trabalhista tem um problema crônico: seu líder, Ed Miliband, não consegue deslanchar em popularidade.

    Na mesma pesquisa do instituto Opinium, a atuação de Miliband como chefe da oposição teve aprovação de apenas 25%, contra 37% da atuação de David Cameron como primeiro-ministro.

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