• Mundo

    Thursday, 02-May-2024 09:32:35 -03

    Londres encontra corpo de adolescente na maior busca desde ataques de 2005

    LEANDRO COLON
    DE LONDRES

    01/10/2014 16h31

    Na maior investigação desde os atentados de 2005, a polícia de Londres confirmou nesta quarta-feira (1) que encontrou o corpo de Alice Gross, 14, desaparecida desde 28 de agosto.

    Cerca de 600 oficiais, envolvendo detetives, peritos, entre outros especialistas, foram escalados para desvendar um caso que intriga a capital do Reino Unido. Até aviões da RAF (Força Aérea britânica) colaboraram.

    O corpo foi encontrado na noite de terça-feira (30) em um rio perto da área onde a jovem foi vista pela última vez. Sua família declarou estar "devastada".

    Leandro Colon/Folhapress
    Cartaz com imagem de Alice Gross, desaparecida em 28 de agosto, é visto no portão do Parque Elthorne
    Cartaz com imagem de Alice Gross, desaparecida em 28 de agosto, é visto no portão do Parque Elthorne

    Às 16h26 (12h26 em Brasília) de 28 de agosto, câmeras registraram a adolescente cruzando uma pequena ponte ao lado do Parque Elthorne, numa região tranquila no oeste de Londres. Depois disso, nenhuma imagem dela foi captada.

    A polícia trabalha com um único suspeito, Arnis Zalkalns, 41, imigrante da Letônia. Ele aparece em uma imagem às 16 horas daquele dia de bicicleta em outra ponte, a Brentford Lock, cruzada por Alice 15 minutos antes.

    Zalkalns passou sete anos na prisão do seu país pelo assassinato da mulher em 1998, antes de se mudar para o Reino Unido, em 2007. Em Londres, vivia num quarto na Boston Road, a poucos minutos de onde a garota apareceu pela última vez.

    Zalkalns sumiu em 3 de setembro, deixando para trás o passaporte — mesmo assim, os investigadores não descartam sua fuga para a Letônia. A polícia tem sido alvo de crítica da mídia britânica por tê-lo identificado como suspeito somente depois de 16 de setembro, o que teria possibilitado sua fuga.

    A Folha esteve na terça (30) no percurso feito pela garota, incluindo a ponte Trumpers Way, onde ela foi vista pela última vez. "Estamos todos assustados. Eu atravesso a ponte diariamente com meus dois filhos, nunca imaginei que algo pudesse acontecer aqui", diz a polonesa Magda Piklul, 30, que vive na área.

    Leandro Colon/Folhapress
    Cartaz com imagem de Alice Gross, desaparecida em 28 de agosto, é exposto na ponte Trumpers Way, onde adolescente foi vista pela última vez em Londres
    Cartaz com imagem de Alice Gross, desaparecida em 28 de agosto, é exposto na ponte Trumpers Way, onde adolescente foi vista pela última vez em Londres

    Fitas amarelas haviam sido espalhadas pela região como símbolo da busca, com cartazes clamando por uma informação: "Encontre Alice."

    O mistério se transformou na maior operação policial de Londres desde os atentados de 7 de julho de 2005, que deixaram 52 mortos no transporte público da cidade.

    Londres é uma espécie de "Big Brother" — estimativas indicam mais de um milhão de câmeras. Em todo o Reino Unido, a média é de uma câmera para cada 14 pessoas.

    A polícia estima que 95% dos crimes são desvendados com auxílio de uma CCTV. Ou seja, o mistério sobre o que aconteceu com Alice após a última imagem captada é um drama para sua família, que, ao mesmo tempo, coloca em dúvida a eficácia do sistema.

    ÚLTIMOS MOMENTOS

    As câmeras flagraram quatro vezes o percurso de Alice a partir das 13 horas de 28 de agosto de sua casa, onde mora com os pais, perto de uma estação de trem, até a última gravação, na ponte Trumpers Way.
    "Depois disso, nenhuma câmera captou mais sua imagem", diz Carl Mehta, chefe da polícia.

    A mochila de Alice foi localizada em 2 de setembro, perto do rio e com os sapatos que usava naquele dia. O telefone celular deixou de funcionar às 17 horas, 34 minutos após a imagem registrada.

    Nos primeiros dias, a polícia chegou a adotar uma linha de investigação em torno de suposto ato de rebeldia de Alice, que sofreria de anorexia. Mas mudou de caminho após identificar o suspeito.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024