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    Maduro culpa facções colombianas por morte de deputado governista

    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    04/10/2014 02h00

    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, culpou nesta sexta-feira (3) facções armadas colombianas supostamente ligadas à oposição venezuelana pelo assassinato do deputado Robert Serra, um dos mais carismáticos líderes governistas.

    Serra, que tinha 27 anos, foi morto a facadas em sua casa em Caracas na quarta-feira, junto com uma mulher identificada como Maria Herrera, sua companheira, segundo fontes oficiais.

    "Os autores intelectuais [do crime] estão fora do país. Informações que tenho apontam para a Colômbia e para a banda de criminosos comandados pelo ex-presidente Álvaro Uribe", disse Maduro durante o enterro de Serra e Herrera.

    O presidente se referia aos grupos paramilitares que travaram, com apoio do governo linha dura de Uribe [2002-2010], uma guerra suja contra a guerrilha marxista Farc na selva colombiana.

    Maduro alega que Uribe hoje conspira contra seu governo com apoio da direita venezuelana. Para o presidente, o aumento da violência urbana na Venezuela e os protestos estudantis do primeiro semestre deste ano ano –que deixaram 43 mortos– são parte deste complô que consiste em semear o caos.

    Maduro disse que nem todos os seus opositores devem ser "colocados no mesmo saco", mas cobrou que expressem "mais valentia" no rechaço à violência e prometeu que os assassinos serão encontrados rapidamente.

    VOZ AGRESSIVA

    Serra era um dos mais agressivos inimigos dos líderes opositores.

    Além da linguagem abrasiva, era conhecido pelo estilo jovial e pela devoção aos ideais revolucionários de Hugo Chávez.

    Foi nas fileiras da juventude chavista que Serra, advogado de formação, começou a se destacar.

    Em 2010, Serra elegeu-se deputado pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), fundado por Chávez, e se tornou expoente da nova geração governista.

    Num recente evento da juventude do PSUV acompanhado pela reportagem em Caracas, centenas de adolescentes gritaram e aplaudiram Serra euforicamente.

    "Ele carregava o futuro da nossa revolução", afirmou, com olhos marejados, Herminia Avila, 49, enquanto esperava do lado de fora da Assembleia Nacional para ver o caixão, na quinta.

    Apesar da notoriedade, Serra vivia num modesto sobrado no bairro popular de La Pastora.

    A fachada tem duas câmeras de segurança e há cerca elétrica no terraço. Vizinhos disseram que a rua era quase sempre vigiada por seguranças do deputado, o que alimenta especulações sobre como o crime ocorreu.

    Segundo a imprensa local, Serra e Herrera chegaram em casa por volta das 19h30 de quarta-feira e dispensaram os seguranças que os acompanhavam.

    Instantes depois, seis homens teriam entrado na casa e torturado as vítimas até a morte. Os assassinos levaram dinheiro e fuzis que estavam na casa do deputado, de acordo com a mídia.

    Não é a primeira vez que funcionários chavistas são assassinados. Em 2012, um guarda-costas de Serra foi morto numa mata ao norte de Caracas.

    Um dos casos mais famosos ocorreu em 2004, quando uma explosão matou um procurador que investigava a oposição pelo fracassado golpe lançado dois anos antes contra Chávez.

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