Funcionários de saúde de Espanha trabalhavam nesta terça-feira (7) para tentar descobrir como o ebola foi transmitido em território europeu, pondo em quarentena três pessoas um dia depois da confirmação de que uma auxiliar de enfermagem identificada como Teresa R. R. foi diagnosticada com a doença.

Determinados a conter a disseminação do vírus, eles até anunciaram planos de matar o cachorro da mulher, a primeira pessoa a se infectar com o vírus fora da África. Ela está sendo tratada com anticorpos de outros pacientes infectados pelo vírus.

O marido da auxiliar de enfermagem, identificado como Javier L. R., é o que mais preocupa as autoridades por ter tido um contato mais próximo com a doente. De acordo com a diretora-geral de Saúde Pública, Mercedes Vinuesa, o homem está "internado para poder ser acompanhado de forma mais adequado durante a quarentena".

	Curto de la Torre/AFP
	Policiais são vistos na frente de residência de auxiliar de enfermagem diagnosticada com ebola na Espanha

Uma enfermeira cujo segundo teste deu negativo para o vírus também havia sido posta em quarentena. Assim como a auxiliar que adoeceu, a enfermeira havia cuidado de dois religiosos que se contaminaram na África Ocidental e foram tratados na Espanha. Os dois missionários morreram.

A enfermeira foi internada por precaução depois de ter diarreia. Autoridades do hospital onde ela está internada afirmaram que a paciente "não equivale a um caso suspeito. É uma enfermeira que teve exposição ao vírus, mas sempre com proteção". Além disso, acrescentaram, "não tem nenhum sintoma, nem febre".

A terceira pessoa em observação é um engenheiro espanhol que trabalhava na Nigéria. Seu primeiro exame de ebola deu resultado negativo e, na quarta-feira (8), deve fazer outro para confirmar que não está infectado.

Além disso, são mantidas em vigilância 22 pessoas com quem a paciente teve contato no Hospital de Alcorcón, onde está internada em Madrid desde domingo (5), e 30 profissionais do Hospital Carlos 3º, onde foram tratados os dois missionários.

EXPLICAÇÕES

A Comissão Europeia pediu ao governo da Espanha explicações sobre as falhas do sistema de saúde que provocaram o contágio da auxiliar de enfermagem, que usava roupa protetora.

"A Comissão Europeia enviou na segunda-feira (6) uma mensagem ao Ministério da Saúde espanhol para que esclareça as razões que tornaram possível esse primeiro caso de contágio fora da África", afirmou o porta-voz da Comissão, Frederic Vincent.

Há vários meses os Estados-membros da União Europeia fazem um acompanhamento e coordenam os procedimentos nacionais em nível europeu para evitar a entrada do vírus no continente.

"Apesar do caso, não há inquietação na comissão. A propagação do vírus na Europa continua sendo uma hipótese altamente improvável", afirmou Vincent.

A comissão espera que a Espanha apresente na quarta-feira (8) ao Comitê de Segurança Sanitária as explicações do caso.

"Quando a falha for identificada, servirá de exemplo aos outros países, mas pode levar tempo. As autoridades espanholas ainda tentam compreender", explicou Vincent.

NORUEGA

Uma médica norueguesa chegou nesta terça à capital do país para ser tratada do vírus do ebola, que contraiu em Serra Leoa. Autoridades não deram detalhes sobre seu estado, mas disseram que ela está isolada no Hospital da Universidade de Oslo.