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    Turquia indica que pode enviar tropas à Síria para combater facção radical

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    07/10/2014 09h48

    O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, defendeu nesta terça (7) uma operação militar terrestre contra a facção radical Estado Islâmico (EI). A declaração foi feita em função do avanço da milícia na cidade síria de população curda de Kobani, que fica na fronteira com a Turquia.

    A Turquia é o primeiro país a sinalizar o envio de tropas para combater o EI em solo. "O terror não vai parar até cooperarmos para uma operação terrestre", declarou Erdogan ante refugiados sírios em um acampamento de Gaziantep, no sul do país.

    O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, disse em entrevista à CNN que o país está pronto para cooperar se houver uma estratégia clara e garantias de que a fronteira estará protegida mesmo com a saída do Estado Islâmico.

    "Nós não queremos mais o regime [de Assad] na nossa fronteira empurrando as pessoas para a Turquia. Não queremos outras organizações terroristas, se o Estado Islâmico for embora, outras organizações radicais podem vir", disse.

    Umit Bektas/Reuters
    Após ataque aéreo, fumaça é vista em Kobani a partir de posto de fronteira entre Síria e Turquia
    Após ataque aéreo, fumaça é vista em Kobani a partir de posto de fronteira entre Síria e Turquia

    KOBANI

    Combatentes do EI avançaram para o sudoeste de Kobani durante a noite, disse nesta terça-feira a ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos, que monitora o conflito na Síria.

    A facção conquistou vários edifícios para ganhar posições no ataque pelos dois lados da cidade.

    A perspectiva de que Kobani caia em mãos dos militantes que a cercam há três semanas aumentou a pressão sobre a Turquia para se juntar a uma coalizão internacional liderada pelos EUA que combate o EI.

    Do lado da fronteira turca, duas bandeiras do Estado Islâmico podiam ser vistas sobre o lado leste de Kobani. Dois ataques aéreos atingiram a área e tiroteios esporádicos podiam ser ouvidos.

    Combatentes do Estado Islâmico estavam usando armas pesadas e lançando projéteis no avanço sobre Kobani, disse a oficial do alto escalão curdo Asya Abdullah à Reuters, falando de dentro da cidade.

    "Ontem houve um confronto violento. Lutamos arduamente para mantê-los fora da cidade ", disse ela por telefone. "Os confrontos não estão em toda a Kobani, mas em áreas específicas, nos arredores e em direção ao centro."

    O Estado Islâmico ampliou sua ofensiva nos últimos dias contra a cidade fronteiriça de maioria curda, apesar de ter sido alvo de bombardeios da coalizão para deter o seu avanço.

    Os aviões da coalizão atacaram novamente nesta terça-feira as posições controladas pelo Estado Islâmico no sudoeste de Kobani.

    O grupo quer conquistar Kobani para consolidar a conquista de território no norte da Síria e do Iraque.

    "Houve confrontos durante a noite e o EI está avançando pelo sudoeste. Eles entraram em Kobani e controlam alguns prédios", disse o diretor do OSDH.

    Cerca de 180 mil pessoas já fugiram da região de Kobani para a Turquia devido à ofensiva do Estado Islâmico.

    Antes, a região abrigava diversos refugiados da guerra civil do país, que já dura mais de três anos, com diversos grupos rebeldes lutando pela queda da ditadura de Bashar al-Assad.

    A França anunciou nesta terça que ajudará para deter o avanço do EI em Kobani e que está discutindo com a Turquia as ações necessárias.

    O ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, já conversou com o colega turco e os presidente dos dois países devem conversar ainda nesta terça.

    MORTES

    Ao menos 400 pessoas foram mortas durante três semanas de confrontos entre o Estado Islâmico e combatentes curdos dentro e ao redor da cidade de Kobani, segundo o OSDH.

    A cifra de mortos inclui combatentes de ambos os lados e também civis.

    A organização afirmou ter documentado 412 mortes a partir de fontes no terreno, mas o número real seria provavelmente o dobro.

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