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    Argentina condena ex-ditador a 23 anos de prisão por mortes na ditadura

    FELIPE GUTIERREZ
    DE BUENOS AIRES

    07/10/2014 21h31

    A Justiça argentina condenou seis pessoas, entre elas o último ditador do país, Reynaldo Bignone, em um julgamento por crimes contra a humanidade cometidos contra 33 operários durante o último regime militar (1976-83).

    Bignone, que já havia sido condenado em outros três processos, recebeu uma nova pena de 23 anos. Ele assumiu a Presidência em julho de 1982 e entregou o cargo ao primeiro presidente civil, Raúl Alfonsín, no dezembro do ano seguinte.

    A maior pena dessa ação coletiva foi a do ex-general Santiago Omar Riveros, de prisão perpétua. Ele chefiou o comando militar responsável pelos desaparecimentos.

    Os outros condenados — dois militares, um antigo guarda municipal e um ex-policial — receberam sentenças de nove a 17 anos. Três acusados foram absolvidos.

    Os trabalhadores são "desaparecidos", ou seja, foram sequestrados por milícias ligadas à ditadura, mas seus corpos não foram encontrados. Ele eram operários de estaleiros, fábricas de cerâmica e uma metalúrgica da província de Buenos Aires.

    Como as vítimas eram sindicalistas, a Justiça considerou que houve perseguição a um grupo específico, o de trabalhadores organizados.

    O tribunal considerou que houve roubo, sequestro, detenção ilegal, tortura e homicídio, com agravante de uso de violência, ameaças com armas e abuso de poder.

    A decisão faz parte de um processo maior, que julga crimes cometidos por militares e milícias no Campo de Maio, área militar entre os municípios de Tigre e San Miguel, na província de Buenos Aires. Além de abrigar centros de detenção, o local também tinha um hospital onde aconteciam partos de filhos de detidas, que eram sequestrados.

    CIVIS

    Um advogado que representa familiares dos operários assassinados pediu à Justiça a continuidade da investigação e a penalização dos civis cúmplices nos crimes. Ele mesmo apresentou uma lista de diretores, gerentes e chefes de departamentos das empresas que teriam compactuado com os militares.

    O promotor Marcelo García Berro pediu para que depoimentos e documentos usados nesse caso sejam usados para abrir um novo processo contra "proprietários, diretores, gerentes e todas as pessoas mencionadas". A Secretaria de Direitos Humanos do governo argentino fez o mesmo requerimento.

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