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    Bolivianos que moram em São Paulo esperam que Evo Morales seja reeleito

    ANA KREPP
    DE SÃO PAULO

    12/10/2014 16h55

    Dos 45 mil bolivianos aptos a votar no Brasil, cerca de 32 mil compareceram às urnas neste domingo (12) para escolher seu candidato na eleição presidencial da Bolívia, segundo dados do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), órgão boliviano responsável pela organização do pleito.

    Embora o voto não seja obrigatório para os emigrantes da Bolívia, os colégios estiveram cheios ao longo do dia, com cidadãos que dizem apoiar a democracia de seu país de origem.

    É o caso de David Salinas, 47, que foi com a mulher e duas filhas de Itaquaquecetuba ao Bom Retiro para votar.

    "Não só pelo Evo, porque as pesquisas já estão dando que ele vai ser reeleito, isso não é problema, mas porque, se você olhar para trás, os bolivianos não tinham democracia, agora a gente tem que fazer valer o que conquistamos."

    A costureira Concepción Espizona, 30, que vive no Brasil há 15 anos com a mãe, Fidélia, 61, dá o mesmo valor ao seu voto. "A gente tem fé de que as coisas podem melhorar e queremos contribuir com o nosso voto, que é algo que ninguém pode nos tirar", disse.

    Concepción diz querer que Evo seja reeleito para que seu país siga evoluindo em políticas públicas e econômicas. Ela cita a melhora na economia e a diminuição do preconceito contra indígenas na capital La Paz, onde nasceu.

    Mãe de três filhos em idade escolar, a costureira sente falta de políticas públicas aos bolivianos residentes no Brasil em prol do combate ao racismo que sofrem por aqui.

    "Tratam mal os meus filhos por causa da cor da pele, porque são gordinhos e baixinhos. A Bolívia poderia fazer uma campanha com o governo brasileiro para que as pessoas respeitassem o diferente."

    Beto Surco, 27, que trabalha no ramo de confecção no Bom Retiro, diz votar para garantir o bem-estar da família, que continua em La Paz. "As melhorias devem continuar com Evo, enquanto ele estiver fazendo bem ao país, por mim, pode se reeleger quantas vezes for."

    Mas diz também sentir falta de políticas voltadas aos emigrantes no Brasil. "Não vi um candidato fazendo proposta para a comunidade que mora aqui."

    Surco, que chegou ao colégio Marechal Deodoro da Fonseca, no Bom Retiro, com um cachorro pequinês albino no colo, afirma que a comunidade boliviana sofre, por exemplo, para juntar dinheiro e pagar o deslocamento do corpo de algum compatriota à Bolívia quando alguém morre.

    "O cônsul deveria nos ajudar com isso, mas ele não faz nada. A gente queria que os candidatos prometessem trocar de representante, pelo menos."

    A votação, feita em papel, aconteceu das 8h às 16h, quando os votos seguiram para a apuração, que deve ser finalizada até as 20h. Então, poderá ser enviada eletronicamente à Bolívia.

    Os 13 locais de votação em São Paulo foram concentrados nos bairros do Bom Retiro, Pari e Guarulhos, onde a maior parte da comunidade boliviana está fixada.

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