A polícia do Chile prendeu nesta segunda-feira (20) o coronel reformado Cristián Labbé, ex-secretário-geral da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), acusado de envolvimento no desaparecimento de 13 pessoas em uma base militar.

Labbé e outros nove militares hoje reformados serão processados por homicídio qualificado com o uso de tortura, sequestro e associação ilícita pela morte de presos políticos no quartel de Tejas Verdes, em San Antonio (a 113 km de Santiago).

Segundo a juíza Marianela Cienfuentes, que atua no caso, eles agiram entre 1973 e 1974 sob ordens de Manuel Contreras, então chefe da Dina, a polícia secreta responsável pela repressão política durante a ditadura.

Contreras cumpre pena desde 2005 em uma prisão militar por diversos crimes e violações de direitos humanos relacionados ao regime, que lhe rendem uma pena somada de 360 anos e duas prisões perpétuas.

De acordo com a Comissão da Verdade e da Reconciliação do Chile, mais de cem pessoas de todo o país foram levadas em caminhões frigoríficos a Tejas Verdes, onde eram torturadas em uma sala e no porão abaixo do refeitório da base militar.

Os presos políticos eram pouco alimentados, sofriam torturas físicas e eram acomodados em más condições sanitárias, segundo o documento. Dentre os presos em Tejas Verdes, estava o poeta Hernán Valdés.

Labbé foi absolvido durante a Lei de Anistia, com o fim do regime, e se tornou uma das principais lideranças do partido de direita União Democrática Independente (UDI). De 1996 a 2012, foi prefeito de Providencia, bairro nobre da zona leste de Santiago.