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    Manifestantes de Hong Kong fazem marcha à casa de governante

    MARCELO NINIO
    DE PEQUIM

    22/10/2014 11h39

    Após três semanas ocupando vias centrais de Hong Kong, ativistas pró-democracia levaram nesta quarta (22) seu protesto pela primeira vez à residência do chefe do Executivo, Leung Chun-ying, do qual exigem a renúncia.

    A iniciativa ocorreu depois que a primeira reunião entre governo e líderes estudantis, na terça (21), não obteve avanços para resolver o impasse. Os ativistas protestam pelo direito de ter eleições livres para o chefe do Executivo, em 2017.

    A marcha em direção à residência oficial também foi um ato de repúdio às declarações feitas na véspera por Leung, que causaram indignação entre os ativistas.

    Bobby Yip/Reuters
    Manifestantes carregam cartazes com foto de Leung Chun-ying em marcha a sua casa
    Manifestantes carregam cartazes com foto de Leung Chun-ying em marcha a sua casa

    Num momento de surpreendente franqueza, ele disse que o governo não pode permitir que os cidadãos escolham os candidatos, porque criaria "o risco de dar aos pobres e à classe trabalhadora de Hong Kong uma voz dominante na política".

    Nesta quarta, o governo divulgou um comunicado sobre as declarações, em que afirma que Leung precisa "levar em conta as necessidades de todas as classes e setores com igual importância".

    O próximo chefe do Executivo de Hong Kong será escolhido por meio de um comitê composto por 1.200 membros, separados por setores variados, de associações empresariais e de classe a membros do Legislativo. São eles que decidirão quais os três nomes que poderão se candidatar ao voto popular direto.

    Os ativistas afirmam que as regras representam uma "falsa democracia", já que o comitê é dominado por grupos simpáticos ao governo chinês. Além disso, eles acusam Pequim de descumprir a promessa de permitir o sufrágio universal em 2017.

    Hong Kong permaneceu por um século e meio como colônia britânica até 1997, quando retornou ao domínio chinês sob a fórmula "um país, dois sistemas". Ela prevê que o território mantenha a autonomia por 50 anos, com exceção de assuntos de defesa e diplomacia.

    Pequim considera os protestos em Hong Kong ilegais, mas tem dito que confia na capacidade do governo e das forças de segurança locais para resolver o impasse.

    Uma das ideias levantadas por Leung foi tornar o comitê mais democrático, mas os estudantes disseram que as propostas do governo até agora foram "vagas".

    Sem enxergar avanço no diálogo com as autoridades, Alex Chow, secretário-geral da Federação de Estudantes de Hong Kong e um dos principais líderes dos protestos, colocou em dúvida a possibilidade de que as negociações continuem.

    "O governo tem que apresentar alguma forma de resolver esse problema, mas o que ofereceu até agora não tem nenhum conteúdo prático".

    Desde o fim do mês passado, os ativistas ocupam um trecho de cerca de três quilômetros de uma avenida central de Hong Kong, próximo à sede do governo e ao centro financeiro.

    No distrito comercial e turístico de Mong Kok, já houve vários confrontos entre estudantes e pessoas contra o bloqueio de ruas, que acusam os ativistas de causar prejuízos econômicos.

    Nesta quarta, os bombeiros foram acionados depois que um homem tentou incendiar as barracas dos ativistas.

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