O ex-presidente Tabaré Vázquez (Frente Ampla) saiu à frente no primeiro turno das eleições uruguaias, vencendo o candidato do Partido Nacional (Blanco), o conservador Luis Lacalle Pou, por 47% a 30%, segundo pesquisa de boca de urna.

O resultado oficial será anunciado nesta segunda-feira, e o segundo turno ocorrerá em 30 de novembro.

O cenário para o segundo turno, porém, é incerto. O terceiro colocado, o candidato colorado Pedro Bordaberry, filho do ex-ditador Juan María Bordaberry, teria obtido 13% dos votos e já anunciou que apoiará Lacalle Pou.

Se o apoio se traduzir em voto, a oposição, formada por aliança de colorados e blancos, poderia superar o candidato da Frente Ampla, de esquerda, no segundo turno.

Após a votação, Lacalle Pou disse que buscaria o apoio dos colorados e dos demais partidos de oposição. "Não queremos simplesmente tirar a Frente Ampla, mas sim chegar ao governo."

Vázquez fez discurso em que pediu paciência e convocou apoiadores e intensificar a campanha. "Vocês têm de escolher se querem nova etapa de progressismo ou voltar ao que já conhecemos."

Segundo o cientista político Daniel Chasquetti, não é possível apontar um favorito. "Amanhã começa outra eleição, e podemos ter resultado parecido ao do Brasil, com vitória muito apertada de qualquer um dos dois no final."

As pesquisas também indicam que nenhum dos três grandes partidos obterá maioria parlamentar. "É um cenário muito diferente da eleição de 2005, quando a Frente Ampla chegou ao poder pela primeira vez. Agora a necessidade de negociação se impõe, mas a caixa de ferramentas do sistema político uruguaio parece ter instrumentos para lidar com isso", afirmou Chasquetti.

Com as eleições foi realizado plebiscito sobre a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos em casos de delitos graves. Segundo as pesquisas, o "sim" à redução obteria por volta dos 40% dos votos, percentual alto, mas não suficiente para aprovar a mudança constitucional, que exige 50% mais um.

Durante o dia, Lacalle Pou tentou mostrar vitalidade, cumprimentando eleitores na rua e correndo para se encontrar com os jornalistas. Aos 41, o blanco aposta na ideia de renovação e chama atenção para a distância geracional entre ele e Vázquez.

Com dia mais tranquilo, Tabaré Vázquez, 74, foi à casa da irmã depois de votar, onde tomou café com "medialunas" e acompanhou o noticiário.