A fala do papa Francisco sobre Deus não ter criado o Universo com uma varinha mágica é um exemplo bastante raro de referências feitas pelos sumos pontífices aos pilares da ciência moderna.
Ela parece confirmar, no entanto, a acolhida à teoria da evolução já demonstrada por João Paulo 2º, num discurso também à academia de ciências papal, em 1996.
"Novas descobertas nos levam a reconhecer que a evolução é mais do que uma hipótese. A convergência dos resultados de estudos independentes constitui, em si mesma, argumento significativo em favor da teoria", disse.
Alguns dos colaboradores próximos de Bento 16, como o cardeal austríaco Christoph Schönborn, chegaram a defender a adesão à teoria do design inteligente, um movimento contra o darwinismo ligado a evangélicos americanos, mas a hierarquia católica nunca chegou a condenar a teoria da evolução.
Já o Big Bang, espécie de explosão primordial que teria originado o tempo e o espaço, teve entre seus primeiros teóricos um padre, o belga Georges Lemaître (1894-1966).
O papa Pio 12 usou as descobertas do religioso como argumento para "provar" a existência de Deus, mas acabou ouvindo as críticas de Lemaître, que o aconselhou a não misturar as coisas.
Nos anos 50, Pio 12 também foi o primeiro papa a dizer que católicos podiam estudar a teoria darwinista, embora com ressalvas: não deviam questionar a origem da humanidade a partir de Adão e Eva.