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    Manifestantes colocam fogo no Parlamento em Burkina Fasso

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    30/10/2014 09h03

    Manifestantes invadiram o Parlamento de Burkina Fasso nesta quinta-feira (30), na capital Uagadugu, e colocaram fogo no prédio antes de uma votação para permitir a reeleição do presidente, que foi cancelada.

    O Parlamento deveria votar nesta quinta um plano do governo para alterar a Constituição, permitindo que o presidente Blaise Compaore, que governa desde 1987, se candidate à reeleição no ano que vem.

    A população, contrária à permanência de Compaore no cargo, protagoniza uma insurgência na capital. Cinco pessoas foram mortas.

    Cerca de 1.500 pessoas entraram no Parlamento, destruíram documentos e atearam fogo no prédio. A prefeitura da cidade e a sede do partido de Compaore também foram incendiados, segundo a BBC.

    O governo, então, decidiu cancelar a votação sobre a reeleição. Compaore escreveu no Twitter pedindo calma à população.

    Os manifestantes se dirigem ao palácio presidencial, onde a polícia atirou e lançou bombas de gás para tentar dispersá-los. Segundo a Reuters, três pessoas morreram com os disparos.

    Um helicóptero também foi usado para disparar bombas de gás nos manifestantes. O aeroporto da cidade foi fechado.

    Dezenas de soldados se uniram aos protestos, inclusive um ex-ministro da Defesa, Kouame Lougue.

    "Fizemos isso porque Compaore está tentando ficar tempo demais. Já estamos cansados dele", disse Seydou Kabre, um dos manifestantes. "Queremos mudança. Ele precisa ir".

    Issouf Sanogo/AFP
    Pessoas veem Parlamento pegando fogo em Uagadugu, capital de Burkina Fasso
    Pessoas veem Parlamento pegando fogo em Uagadugu, capital de Burkina Fasso

    Os manifestantes tomaram conta do prédio do Parlamento depois que policiais atiraram para cima na tentativa de dispersá-los.

    A polícia, que chegou a jogar gás e prender alguns manifestantes, acabou recuando.

    A televisão estatal do país saiu do ar nesta quinta depois que manifestante invadiram e saquearam o prédio.

    COMPAORE

    Compaore, que chegou ao poder em 1987 com um golpe de Estado, concluirá no próximo ano seu segundo quinquênio (2005-2015), depois de dois mandatos de sete anos (1992-2005).

    Ele tinha 36 anos quando tomou o poder em outubro de 1987, após um golpe de Estado contra seu outrora amigo Thomas Sankara, um carismático e jovem líder conhecido como o "Che Guevara Africano", que foi assassinado depois de ser derrubado do poder.

    A oposição teme que a mudança constitucional, que não deveria ter caráter retroativo, leve o chefe de Estado, eleito quatro vezes com maioria esmagadora, a tentar permanecer no poder por mais 15 anos.

    Estados Unidos e França são aliados de Compaore e usam o país como base de operações militares no Sahel.

    A União Europeia pediu que o líder desistisse da emenda constitucional, e os EUA expressaram preocupação sobre o tema.

    PROTESTOS

    Na quarta, também houve protestos na capital. A oposição afirma que o número de manifestantes chegou a um milhão, algo histórico no continente africano.

    Durante o protesto foram registrados confrontos entre jovens e a polícia.

    Uma greve convocada pelos sindicatos e a sociedade civil provocou lentidão nesta quarta-feira no funcionamento dos serviços públicos e em algumas empresas.

    Joe Penney/Reuters
    Manifestantes protestam contra possível reeleição de presidente, na quarta, em Uagadugu
    Manifestantes protestam contra possível reeleição de presidente, na quarta, em Uagadugu

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