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    Ativistas pró-democracia de Hong Kong ameaçam protestar em Pequim

    MARCELO NINIO
    DE PEQUIM

    31/10/2014 14h22

    Depois de um mês ocupando uma área central de Hong Kong, ativistas pró-democracia estão considerando dar um passo além: viajar a Pequim para confrontar o governo chinês.

    Frustrados por não chegar nem perto de obter o que exigem, os estudantes que lideram o movimento ameaçam levar o protesto até o poder central em Pequim, que detém a palavra final sobre o que ocorre em Hong Kong.

    Os estudantes rejeitam as restrições impostas pelo governo chinês à escolha dos candidatos para a eleição do próximo chefe do Executivo de Hong Kong, marcada para 2017. Acusam Pequim de não cumprir a promessa de permitir o sufrágio universal.

    Alex Chow, líder da Federação de Estudantes de Hong Kong, disse que é hora de "mostrar ao mundo e ao governo" que as regras devem ser revogadas. Num discurso a manifestantes, Chow sugeriu a manifestantes que se dirijam diretamente ao governo de Pequim.

    Uma das ideias seria levar o protesto à capital chinesa durante a cúpula do fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC na sigla em inglês). Cercado de um enorme esquema de segurança, o encontro será realizado em Pequim nos dias 10 e 11 de novembro, quando o líder chinês, Xi Jinping, receberá os chefes de Estado dos EUA, Rússia e Japão, entre outros.

    Após um século e meio como colonia britânica, Hong Kong retornou ao domínio da China em 1997, sob a fórmula "um país, dois sistemas", que prevê uma relativa autonomia em relação a Pequim. Seus residentes precisam de uma autorização de Pequim para visitar a China continental, o que torna improvável o plano dos estudantes de levar o protesto às portas do governo central.

    "Se não pudermos passar pela alfândega será uma mensagem de Pequim de que eles não se importam com a opinião dos cidadãos de Hong Kong", disse Chow.

    A pretensão dos estudantes de confrontar Pequim, mesmo que dificilmente se realize, mostra que o impasse está longe de acabar. O governo chinês considera o movimento ilegal e intensificou a censura sobre o assunto temendo que houvesse um contágio na China continental. Pequim encarregou as autoridades de Hong Kong de lidar com a crise, mas houve apenas uma tentativa de negociação, que não produziu avanços.

    Alguns veteranos ativistas pró-democracia de Hong Kong estão barrados há anos de entrar na China. Um exemplo é a líder do Partido Democrático, Emily Lau, conforme explicou à Folha no início de setembro, pouco o sistema eleitoral ser anunciado.

    "Há mais de 20 anos eu estou proibida de botar os pés na China continental", disse Lau. "Para eles eu sou pior que terrorista."

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