Mantidas as projeções, os republicanos ampliarão a maioria na Câmara, controlada desde 2011, e retomarão o Senado americano, democrata desde 2007. Obama, que já governou os últimos 4 anos com Congresso dividido, teria de lidar com a oposição em todo o Legislativo.
A perspectiva é melancólica para uma Presidência que começou cheia de expectativas. O mais difícil de entender é que Obama é parte do problema. Ele aprovou uma histórica reforma da saúde, encerrou a ocupação no Iraque e faz o mesmo no Afeganistão; recuperou (lentamente) a economia e aproximou o país do pleno emprego.
Mesmo assim, sua aprovação é baixa, e candidatos preferiram se afastar do presidente. Várias são as explicações: fora do país, Obama enfrenta desafios não totalmente sob seu controle, como o Estado Islâmico e a crise na Ucrânia.
Em casa, teve ferrenha oposição no Congresso, que obstruiu iniciativas do governo. Bons exemplos foram os projetos de controle de armas e imigração, bloqueados pelos republicanos.
A oposição, extremamente mobilizada, transformou a eleição em um referendo sobre Obama. Os democratas não conseguiram fugir dessa narrativa para temas que os beneficiariam, como economia e emprego. Apoiadores passados, como os latinos, estão desiludidos com presidente e partido.
Para Obama, restará voltar-se à política externa, menos conflitiva, tentando deixar a impressão de um grande legado. Meio ambiente, os conflitos no Oriente Médio e acordos comerciais com Ásia e Europa serão os alvos.
Para os republicanos, os ganhos já criam conflitos.
A ala mais radical quer uma agenda agressiva, com revogação da reforma da saúde e mudanças no sistema tributário. Os líderes, mais moderados, olham para a Presidência em 2016 e querem provar que tem capacidade de governar. A preocupação é acertada. O partido está dividido, sem nome para sucessão, e terá uma adversária formidável: Hilary Clinton.