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    Derrota democrata no Congresso dos EUA poderia beneficiar Brasil

    RAUL JUSTE LORES
    DE WASHINGTON

    04/11/2014 21h55

    A política comercial americana pode mudar caso a oposição republicana conquiste a maioria no Senado e na Câmara nas eleições legislativas desta terça (4), como indicava a maioria das pesquisas.

    Segundo diplomatas e analistas políticos ouvidos pela Folha, o Congresso americano poderia finalmente votar a renovação do Sistema Geral de Preferências, que permite que o Brasil exporte aos EUA cerca de 3.500 produtos com isenção de tarifas –em uma das raras mudanças do novo Congresso que podem beneficiar o país.

    O sistema privilegia 122 países considerados emergentes e afeta 10% das exportações brasileiras aos EUA, o que equivale a cerca de US$ 3 bilhões.

    A atual vigência do Sistema Geral americano, que começou a funcionar em 1976, expirou em julho de 2013 e não foi votada pela Câmara dos Deputados, controlada pela oposição. Obama pediu à Câmara que renove o sistema.

    Mas, ironicamente, uma maioria republicana no Congresso pode permitir ao presidente Barack Obama negociar de forma mais rápida os dois blocos comerciais promovidos por seu governo, a Parceria Transpacífica (com vários países asiáticos e americanos) e a Parceria Transatlântica, com países europeus.

    A oposição a acordos comerciais é maior entre os correligionários democratas do presidente, que costumam culpar tratados de livre comércio pelo êxodo de empregos do país ao México e à China.

    Para isso, Obama pediria um "fast track", autorização para pular trâmites tradicionais e acelerar a negociação.

    O Brasil está de fora de ambos os blocos, que, para muitos, enfraquecem as negociações multilaterais da Organização Mundial do Comércio (OMC). E podem baratear produtos que hoje competem com os brasileiros.

    IMPOPULARIDADE

    Para obter a maioria no Senado, os republicanos precisariam conquistar mais seis senadores. Como diversos dos atuais senadores democratas foram eleitos em 2008, ano da "onda" que levou Obama à Casa Branca –quando o ex-presidente Bush tinha impopularidade recorde e a crise financeira começava– é difícil que eles repitam a mesma performance neste ano.

    Diversas pesquisas cravam que a oposição terá 53 senadores contra 47 democratas.

    Se os democratas surpreenderem em alguns Estados, a decisão do Senado pode demorar –na Geórgia, onde existe segundo turno caso um dos três candidatos locais não supere os 50%, a nova votação seria só em janeiro.

    Os republicanos têm tratado as eleições de meio de mandato, onde são eleitos os 435 deputados da Câmara (com mandato de dois anos) e um terço dos 100 senadores (com mandatos de seis) como um referendo sobre a gestão de Obama.

    Os democratas têm também um problema de ordem demográfica. Eleições de meio de mandato têm baixo comparecimento e o eleitorado mais presente é branco e mais velho, grupo que costuma votar nos republicanos.

    Editoria de Arte/Folhapress

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