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    Derrota não impede novo presidente democrata nos EUA, dizem analistas

    GIULIANA VALLONE
    DE NOVA YORK

    06/11/2014 12h04

    O partido de Barack Obama enfrentou uma dura derrota nas eleições legislativas deste ano. Mas nem tudo está perdido, especialmente quando se trata da escolha para a Presidência dos Estados Unidos, em 2016, avaliam os professores da Universidade de Columbia Robert Erikson e Andrew Gelman.

    Para eles, perder a maioria no Senado e, portanto, o controle do Congresso, não reduz as chances de os democratas elegerem um novo presidente.

    "Em 2010, os democratas perderam o controle da Câmara dos Deputados, quase perderam o Senado e também tiveram baixas no número de governadores. O cenário político parecia terrível para eles naquele ano. Mas, em 2012, Obama foi reeleito", afirmou Erikson.

    Neste momento, as chances dos democratas em 2016 se equilibram sobre duas tendências opostas. A primeira aponta que um Congresso republicano poderia tornar o eleitorado mais democrata no futuro próximo.

    "O eleitorado em 2016 vai dizer: 'Quem queremos eleger para presidente, dado que o Congresso está sob controle republicano?'", disse Erikson. "Quando Harry Truman concorreu à reeleição em 1948, ninguém achou que ele ganharia. Mas o Congresso era republicano e ele focou sua campanha na oposição contra o Legislativo. E venceu."

    Na direção contrária, estão os números que mostram que, após oito anos na Casa Branca, o partido no poder costuma perder a eleição seguinte. Desde a Segunda Guerra Mundial, houve sete ocasiões em que o mesmo partido teve dois mandatos seguidos na Presidência dos EUA. Em seis delas, a terceira eleição foi perdida.

    Para os analistas, no entanto, nada importa mais do que o nome dos candidatos de ambos os partidos para a corrida de 2016. Do lado dos democratas, resta saber se a ex-secretária de Estado Hillary Clinton decidirá concorrer ou não.

    Do lado dos republicanos, a decisão pode gerar mais transtornos. "Uma coisa que provavelmente vai acontecer é uma briga entre as duas facções do partido –o Tea Party [ala conservadora] e a ala moderada– pela nomeação", disse Erikson.

    De acordo com ele, enquanto o Tea Party deve querer emplacar a candidatura do senador pelo Estado do Texas, Ted Cruz, os moderados podem escolher entre o irmão do ex-presidente George W. Bush, Jeb, e o governador de Nova Jérsei, Chris Christie.

    "Se Hillary Clinton concorrer contra um conservador extremista, isso aumenta suas chances", afirmou o professor. "Uma disputa entre Bush e Clinton seria uma batalha entre dinastias e não sabemos como isso poderia terminar."

    Para Gelman, a economia também pode ser um fator de grande influência na disputa presidencial. "Eu acho que uma parcela importante depende de como o cenário econômico vai se desenvolver", disse. "Se continuar melhorando e estiver em plena expansão em 2016, quem quer que esteja concorrendo pelos democratas pode ganhar. Mas se houver uma outra recessão, isso os prejudica muito."

    SENADO

    Enquanto as decisões para a próxima disputa ainda não são conhecidas, resta observar como Obama se comportará diante do Congresso dominado pelos republicanos. Na quarta-feira, os dois lados sinalizaram disposição para o diálogo.

    "A questão agora é: Obama e os republicanos conseguirão encontrar pontos em comum? Em alguma medida, a história diz que sim. Clinton enfrentou um Congresso republicano entre 1995 e 2000. Em 1986, o republicano Ronald Reagan era presidente e também perdeu a Câmara e o Senado para os democratas. E eles conseguiram cooperar", disse Erikson.

    De acordo com os analistas, assuntos como imigração, comércio exterior, impostos e infraestrutura devem estar na agenda do Congresso nos próximos anos.

    "Na questão da imigração, por exemplo, Obama já disse que assinará um decreto presidencial sobre o assunto. E acho que alguns republicanos também podem estar dispostos a fazer um acordo sobre o assunto -mas não o mesmo que Obama, então teremos que observar", afirmou.

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