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    Militar confirma ser o autor do disparo que matou Bin Laden

    RAUL JUSTE LORES
    DE WASHINGTON

    06/11/2014 18h44

    Robert O'Neill, 38, veterano das guerras do Afeganistão e do Iraque e membro de uma unidade especial da Marinha americana, revelou ao jornal "Washington Post" que foi ele que deu o tiro fatal em Osama bin Laden.

    A operação na madrugada de 2 de maio de 2011 que matou o líder da Al Qaeda, responsável pelos ataques de 11 de setembro de 2001, foi uma das mais secretas e misteriosas do Pentágono.

    O'Neill contou que deu dois tiros na testa de Bin Laden, no refúgio do terrorista em Abbottabad, Paquistão.

    Reprodução/Twitter/mchooyah
    O seal Robert O'Neill, em foto do Twitter
    O seal Robert O'Neill, em foto do Twitter

    Bin Laden foi acertado por tiros de outros dois integrantes do time de 25 militares –um deles, Matt Bissonnette, narrou a operação em um best-seller, mas usando o pseudônimo "Mark Owen".

    Enquanto outros militares revistavam diversos quartos, O'Neill estava atrás do "atirador número 1" ao chegar ao quarto de Bin Laden.

    O terrorista apareceu rapidamente na porta, mas um colega aparentemente errou o tiro. "Bin Laden empurrava uma mulher adiante com as mãos nos ombros dela", diz.

    O'Neill já tinha marcado de dar uma entrevista exclusiva à rede de notícias Fox News para revelar sua participação, mas adiantou a confissão depois que sua identidade foi revelada em um site de colegas de missão, que já criticaram "sua busca por notoriedade" e disseram que membros da operação eram "profissionais discretos".

    O militar, que tinha 15 anos de carreira quando participou da operação, conversou diversas vezes com o jornal. Segundo a reportagem, ele decidiu vir a público porque sabia que sua identidade seria vazada logo.

    Ele foi a fonte de um longo perfil na revista "Esquire" sob o título "O atirador", publicado em fevereiro de 2013, em que descreve a maior operação de sua carreira, mas pediu anonimato à revista.

    O'Neill, natural de Montana, disse que se convenceu a contar sua história depois de um encontro privado com parentes das vítimas do ataque ao World Trade Center.

    Dias antes da inauguração do museu e memorial no local do atentado, em março deste ano, acabou contando como foi o fim de Bin Laden.

    "As famílias me disseram que isso as ajudou na cicatrização da tragédia", disse. A identidade do oficial foi confirmada por outros dois membros da equipe.

    Hoje, ele percorre os Estados Unidos dando palestras motivacionais.

    NOTORIEDADE

    A decisão de revelar que foi o autor do tiro fatal contra o mais procurado terrorista pelos EUA da última década não foi bem recebida por colegas.

    Em carta, dois chefes da Unidade Especial de Marinha de Guerra, o contra-almirante Brian Losey e o comandante Michael Magaraci, escrevem que um "princípio crítico" da carreira militar "é não fazer propaganda do trabalho, nem buscar reconhecimento por qualquer ação".

    O site mantido por militares que vazou a informação antes das entrevistas ao "Washington Post" e à Fox News, sofrep.com, admite que o fez para reduzir o impacto da revelação, e critica O'Neill "por buscar notoriedade".

    Na carta, eles falam do "pequeno crédito individual", que operações como essas rendem, pois são resultado de anos de trabalho duro de diversas agências federais, serviços de inteligência, várias missões desafiam "a reivindicação de glória ou fama por um ou dois atiradores".

    O site destaca o risco de militares querendo "vender suas histórias".

    Mas a carta também foi criticada por outros militares. Um comentarista da Fox News, Jonathan Gilliam, também ex-integrante da Unidade de Mar, Terra e Ar (SEAL), disse que o almirante Losey errou em "mandar carta aberta para criticar os oficiais".

    "Carta aberta falando de profissionais discretos não é a melhor maneira de se expressar", afirmou.

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