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    'Após vitória, pressão recai sobre republicanos', diz governador de Utah

    ISABEL FLECK
    DE SÃO PAULO

    12/11/2014 02h00

    Mesmo sob a euforia da vitória de seu partido nas eleições parlamentares na última semana, o governador de Utah, Gary Herbert, já admite que a maré boa dos republicanos pode virar em 2016 se os correligionários decidirem travar a agenda no Congresso nos próximos dois anos.

    "Eles precisam fazer algo concreto, têm que aprovar alguma coisa, ou serão vistos como disfuncionais", diz, batendo os dedos sobre a mesa, como quem dá uma ordem. "Agora a pressão também está sobre os republicanos."

    Herbert, 67, falou com a Folha em São Paulo, onde veio buscar investimentos para seu Estado e prospectar o mercado com uma missão de empresários de Utah. Confira a entrevista.

    *

    Folha - Como republicano, como o sr. interpreta a vitória de seu partido no Congresso?

    Gary Herbert - O que vimos agora foi não só um desejo de mudança, mas a vontade de ver algo concreto ser feito no Congresso. Muita gente vê o Senado, nos últimos anos [sob comando democrata], como disfuncional.

    Dominando as duas casas, os republicanos vão ter a habilidade de realmente aprovar leis. Se o presidente vai concordar com elas, é o que veremos. Do lado republicano, acredito que vão trabalhar com os

    democratas no Congresso, mas com base em bons princípios de equilíbrio orçamentário, sem gastos desnecessários, fazendo o que é preciso para a nossa população.

    Analistas apostam, contudo, que os republicanos se empenharão em travar mais a agenda do Congresso. Há um risco também para o seu partido?

    Os republicanos precisarão fazer algo concreto, terão que aprovar alguma coisa, senão a população ficará insatisfeita com todos e eles serão vistos como disfuncionais. Isso pode atrapalhar [o desempenho nas eleições presidenciais] em 2016. Agora a pressão também está sobre os republicanos. As coisas não aconteceram por seis anos, está na hora de fazer com que aconteçam.

    Quais são as prioridades?

    É preciso equilibrar o Orçamento: não dá mais para continuar gastando mais do que se arrecada. Vamos ter que ter reformas na Previdência e nos programas de saúde. Precisa haver a confiança de que os temas de segurança pública também serão tratados, e isso começa com defesa nacional.

    Há coisas a serem feitas na reforma de saúde. Enquanto os republicanos falam em "revogar e substituir", os democratas falam em "modificar e aperfeiçoar" -e as duas visões não são tão distintas, se você parar pra pensar.

    Esta vitória melhora o cenário para os republicanos na corrida presidencial de 2016?

    Quando falamos de Casa Branca, o eleitor vai procurar a melhor pessoa, e a vantagem dos republicanos é que nós temos muitas opções qualificadas: ex-governadores e governadores, de Jeb Bush a Chris Christie, Mike Pence, Rick Perry, Bobby Jindal, Scott Walker. Do lado democrata, você tem apenas Hillary Clinton.

    Também acho que uma política republicana é o que o país necessita agora. Precisamos de uma "virada Ronald Reagan" [presidente entre 1981 e 1989], fazer a economia crescer.

    Com tantos nomes republicanos, que tipo de candidato poderá concentrar mais apoio?

    O próximo presidente tem que ser alguém com experiência no Executivo, para ser capaz de unir as pessoas, gerenciar, executar. Por isso defendo os governadores. Vemos essa decepção com o presidente Obama, que é um homem muito inteligente e brilhante, mas que nunca esteve à frente de nada.

    Após a Suprema Corte rejeitar a apelação do seu governo, o casamento gay está permitido em Utah. A liberação desse tipo de união é um caminho sem volta nos EUA?

    Estou decepcionado com a Suprema Corte. Em 2004, houve um debate em Utah e 66% da população decidiu definir casamento como a união entre um homem e uma mulher. Por isso decidimos recorrer e perdemos numa decisão controversa. Se a atitude das pessoas mudou, ótimo. Mas então é preciso mudar as políticas por meio de um processo democrático.

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