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    Crise ucraniana ameaça roubar a cena na reunião do G20

    CLÓVIS ROSSI
    ENVIADO ESPECIAL A BRISBANE

    13/11/2014 10h58

    "Parem os barcos", grita a manchete do tabloide australiano "The Courier Mail", acompanhada de uma foto montada do presidente russo Vladimir Putin em ridículo traje de marinheiro.

    Claro que há na notícia um certo exagero típico de tabloides, mas é também uma indicação de que a crise entre Rússia e Ucrânia pode acabar roubando a cena da cúpula do G20 neste fim de semana na Austrália.

    Acontece que, como parte de uma demonstração de força do presidente russo, um comboio de navios de guerra russos navega em direção à costa australiana, justamente na véspera da chegada de Putin para a cúpula.

    O primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, cuida de minimizar o episódio, dizendo que se trata apenas do direito à livre navegação (os navios russos estão ainda em águas internacionais).

    Mas, pelas dúvidas, a Marinha da Austrália despachou dois de seus navios para "caçar a frota naval russa", sempre na manchete do tablóide.

    Abbott pode, agora, minimizar o episódio, mas ele havia sido o primeiro a fazer alarde de um confronto com Putin.

    Disse que teria com ele um "shirt front", expressão australiana do jogo de rugby que significa, aproximadamente, "bater de frente".

    O premiê de fato bateu de frente, não fisicamente, com o presidente russo, na recente cúpula da Ásia Pacífico: cobrou de Putin desculpas pelo acidente do voo MH17 da Malaysia Airlines, supostamente derrubado por um míssil disparado pelos rebeldes ucranianos que a Rússia apoia.

    Cobrou igualmente o pagamento de uma indenização às famílias das 298 vítimas, 38 das quais eram australianas.

    O episódio dos barcos russos incomoda os delegados à cúpula do G20, porque, na reunião anterior (São Petersburgo, 2013), a crise na Síria roubou a cena de uma cúpula que é focada em temas econômicos.

    Que a Ucrânia seja a Síria de 2014 só prejudicaria a agenda do G20, centrada no crescimento econômico.

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