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    Venezuela lança campanha para denunciar 'traidores' do partido

    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    14/11/2014 02h00

    Num sinal de divisão nas fileiras governistas, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do presidente Nicolás Maduro, lançou uma campanha para incentivar seus membros a delatar supostos inimigos infiltrados.

    "O militante que estiver fomentando a desunião deve ser denunciado através de: denunciainfiltradospsuv@gmail.com, e por SMS no 04169425792", escreveu na quarta (12) no Twitter o vice-presidente de Organização e Temas Eleitorais do PSUV, Francisco Ameliach.

    Não está claro qual seria a retaliação aos acusados de agir de maneira sorrateira em favor da oposição direitista.

    O apelo de Ameliach, governador de Carabobo, ecoa mensagem semelhante à de Diosdado Cabello, primeiro-vice-presidente do PSUV e presidente da Assembleia.

    Em seu programa semanal na TV, Cabello pede que "traidores" sejam denunciados.

    A caça aos supostos infiltrados é amplamente vista como manobra para intimidar vozes dissonantes dentro do PSUV às vésperas das eleições que definirão, no dia 23, o novo comando da sigla.

    Embora não seja citado, o alvo principal das pressões é o movimento Marea Socialista, corrente do PSUV à beira da ruptura com a cúpula.
    fiel seguidor

    O Marea Socialista se diz fiel seguidor do projeto político de Hugo Chávez –presidente morto em 2013, após 14 anos no poder–, mas afirma que o governo tem ampla responsabilidade pela crise.

    Os venezuelanos sofrem com escassez de remédios e produtos básicos, como sabão e desodorante. A inflação supera 63%, e a criminalidade, propalada pela corrupção generalizada da polícia, aterroriza a população.

    "Fazemos uma autocrítica construtiva e apresentamos propostas concretas para lidar com os problemas", disse à Folha Norberto Nunes, membro do Marea Socialista e vice-presidente da Fundação Socialismo do Século 21.

    "O descontentamento nas bases do PSUV é muito grande. A situação do país está impossível e no ano que vem será ainda pior."

    Veterano militante do PSUV, Nunes hoje engrossa a corrente do Marea Socialista que defende formar uma frente independente do partido governista para concorrer na eleição parlamentar de 2015.

    Pesquisas recentes mostram que a popularidade de Maduro está em 30%.

    Além da possível dissidência partidária, o governo também perdeu apoio de alguns coletivos, como são chamados os grupos sociais e paramilitares que ajudaram o governo a reprimir protestos em fevereiro deste ano.

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