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    Antes do G20, Putin diz que sanções contra Rússia minam economia global

    DE SÃO PAULO

    14/11/2014 12h49

    O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta sexta-feira (14) que as sanções econômicas contra seu país são ilegais e enfraquecem as relações econômicas mundiais.

    Estados Unidos e a União Europeia impuseram sanções à Rússia pela sua influência na vizinha Ucrânia.

    Os países ocidentais acusam Moscou de ajudar os separatistas do leste ucraniano com armas e tropas, o que a Rússia nega.

    Dan Peled/Efe
    Presidente da Rússia, Vladimir Putin, chega a Brisbane, Austrália, para cúpula do G20
    Presidente da Rússia, Vladimir Putin, chega a Brisbane, Austrália, para cúpula do G20

    Em entrevista à agência estatal russa Tass, Putin disse que não vai colocar as sanções em pauta na reunião de cúpula do G20, que ocorre neste fim de semana em Brisbane, na Austrália.

    Veja trechos da entrevista.

    *

    Tass - Você está indo para outra cúpula do G20. Até que ponto esse formato [de reunião] ainda é relevante?

    Vladimir Putin - O G20 é um bom lugar para nos encontrarmos, para discutir relações bilaterais e problemas globais, e para desenvolver ao menos alguns entendimentos comuns sobre um ou outro problema e como resolvê-los.

    Esperar que tudo que pode ser dito seja implementado é absolutamente irrealista, especialmente se lembrarmos que as decisões não são mandatórias.

    Por exemplo, em um dos encontros do G20, foi tomada a decisão de reforçar o papel das economias emergentes nas atividades do FMI e redistribuir cotas. O Congresso dos Estados Unidos bloqueou essa decisão.

    Todo mundo está falando sobre problemas atuais, incluindo as sanções à Rússia, mas na verdade, em termos globais, é os Estados Unidos que desafia as decisões tomadas. Isso é algo fundamental. Mas está sendo negligenciado.

    É lógico que alguns países do G20, enquanto tentam cooperar e desenvolver a economia global, tenham adotado sanções contra um membro do grupo?

    Sobre as sanções, elas vão contra o princípio das atividades do G20 e a lei internacional, já que sanções podem ser introduzidas somente através da Organização das Nações Unidas e seu Conselho de Segurança.

    Além disso, são contra os princípios da Organização Mundial do Comércio e do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt). Os próprios Estados Unidos criaram essa organização em certo ponto. E agora estão violando seus princípios.

    Isso é prejudicial e, claro, causa certo dano a nós, mas também é prejudicial para os EUA porque todo o sistema de relações econômicas internacionais está sendo debilitado.

    Eu espero e eu procedo a partir do entendimento de que, no final, a consciência disso prevalecerá e o passado será passado.

    Você planeja abordar essa questão na reunião ou vai falar somente se o assunto for levantado?

    Se esse tema for mencionado, eu devo falar sobre o assunto, claro, mas eu não vou colocar a questão em discussão. Da maneira como eu vejo, seria inútil.

    Todos entendem o que eles estão fazendo. Aqueles que impõem sanções. Qual é a utilidade de chamar atenção para essa questão? Não faz sentido.

    Essas decisões são tomadas em nível de blocos e nível nacional, são feitas com base no entendimento de nossos parceiros sobre seus interesses geopolíticos.

    Eu acho que é um erro, mesmo do ponto de vista de seus interesses geopolíticos.

    No G20, existe um certo balanço de forças. De um lado, existe o G7 e, do outro lado, os Brics e outros países associados. Como você vê esse balanço de forças?

    Eu acredito que seria muito ruim se alguns blocos começassem a surgir de novo. Isso é muito contraprodutivo e até prejudicial para a economia mundial. E estamos falando de economia, não?

    A economia está propensa a uma cada vez maior interferência da política.

    Certo. Mas acima de tido o G20 é um fórum econômico. Minha sugestão é que mudemos o centro de gravidade da nossa conversa para essa direção.

    Fala-se sobre o surgimento de um outro G7 –os Brics mais a Indonésia, Turquia e México. Você acredita que esse formato tenha um futuro?

    As decisões devem ser tomadas em conjunto. Tudo é interrelacionado no mundo moderno e, se algumas associações regionais, como uma que estamos construindo –a União Econômica Eurasiana, que envolve também a Belarus e o Cazaquistão–, estão para ser criadas, elas deveriam surgir somente como um adendo aos instrumentos globais já existentes e que devem operar segundo normas globais.

    Você planeja algum encontro bilateral dentro do contexto da cúpula do G20?

    Sim, eu programei alguns encontros. Com a chanceler alamã. Um monte de encontros.

    Analistas dizem que sua relação com [a chanceler alemã] Angela Merkel recentemente ficou mais tensa e menos amigável. Você percebeu isso?

    Não. Você sabe que somos guiados por interesses e não por simpatias ou antipatias.

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