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    Facção terrorista Estado Islâmico comete crimes de guerra, diz ONU

    ISABEL FLECK
    DE SÃO PAULO

    15/11/2014 02h00

    Em seu primeiro relatório detalhado sobre a ação da milícia radical Estado Islâmico (EI), divulgado nesta sexta-feira (14), a Comissão Internacional Independente de Inquérito da ONU sobre a Síria acusa a facção de cometer crimes de guerra e contra a humanidade e diz que seus líderes devem responder por eles junto ao TPI (Tribunal Penal Internacional).

    A comissão, presidida pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, ouviu 300 pessoas, entre testemunhas e vítimas, refugiadas nos países vizinhos à Síria e registrou relatos de ataques em "larga escala e sistemáticos" contra a população civil curda e contra a minoria yazidi.

    "O EI tem cometido assassinatos e outros atos desumanos, escravidão, estupros, violência e escravidão sexual, deslocamentos forçados, desaparecimentos e tortura", enumera o texto.

    O levantamento relata que corpos mutilados das vítimas do EI são frequentemente expostos na rua, "como um aviso à população local das consequências de não se submeter à autoridade do grupo".

    "As testemunhas viram cenas de corpos sangrando pendurados em cruzes e cabeças fincadas em grades de parques", diz o texto. A milícia também teria negado comida e remédios a centenas de milhares de civis nas regiões ocupadas.

    Para Pinheiro, a situação das mulheres e das crianças é ainda mais grave. As primeiras têm sido escravizadas, violentadas e algumas –principalmente as de minoria yazidi– forçadas a se casar com integrantes do EI. Há relatos de garotas de até 13 anos sendo raptadas por membros da facção e de mulheres apedrejadas até a morte por comportamento considerado impróprio.

    No caso das crianças, a milícia tem cooptado os menores para denunciarem "pais infiéis". "As crianças têm sido doutrinadas e passam a ser agentes desse grupo armado dentro de suas próprias casas.

    Funciona como uma bomba-relógio", disse Pinheiro à Folha, de Genebra.

    Na única menção aos ataques da coalizão liderada pelos EUA, o texto diz que, após o início da ofensiva aérea, os integrantes do Estado Islâmico começaram a "se posicionar em casas e fazendas civis" em Aleppo. O relatório também registra que os bombardeios da coalizão "levaram a algumas mortes de civis".

    "É claro que esses combatentes não iriam ficar parados esperando serem atingidos. E a mobilidade deles é que é o perigo, porque eles buscam refúgio entre a população civil", explica Pinheiro.

    Nesta sexta-feira (14), o Comando Central dos EUA afirmou, num comunicado, ter atingido dez postos do EI na Síria nos últimos dias, destruindo prédios e veículos usados pela facção.

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