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    Mãe de americana rebate críticas de Vaticano ao suicídio de sua filha

    DA EFE

    19/11/2014 12h36

    A mãe de Brittany Maynard, a americana que sofria de câncer terminal e fez um suicídio assistido em 1º de novembro, rebateu as críticas que a Cúria Romana no Vaticano fez à decisão de sua filha.

    Segundo ela, as críticas atingiram a família "de forma pior que uma bofetada" quando ainda estavam de luto.

    A morte de Brittany, 29, comoveu a opinião pública dos Estados Unidos, pela sua idade e por ter iniciado uma campanha na internet defendendo o direito ao suicídio assistido para pacientes terminais de doenças graves, o que é permitido pela lei em alguns Estados americanos.

    Depois de a família anunciar que Brittany tinha tomado as pílulas prescritas pelo médicos para uma morte sem dor, o presidente da Academia Pontifícia para a Vida, o bispo espanhol Ignacio Carrasco de Paula, qualificou a ação de "reprovável".

    "O suicídio assistido é algo absurdo. A dignidade é algo diferente de alguém terminar com a própria vida. O ato de Brittany em si mesmo é reprovável, mas não sabemos o que ocorreu em sua consciência", afirmou o membro da Cúria Romana em uma entrevista à agência italiana Ansa.

    Mais de duas semanas depois, a mãe de Brittany, Debbie Ziegler, publicou uma carta no site da ONG "Compassion & Choices" na qual criticou com dureza as palavras de monsenhor Carrasco de Paula.

    "A imposição de uma crença em uma questão de direitos humanos é ruim. Censurar uma decisão pessoal como reprovável porque não está alinhada às crenças de outra pessoa é imoral", afirmou Debbie.

    "A decisão da minha filha de 29 anos de morrer sem dor em vez de sofrer uma degradação física e mental com um sofrimento intenso não merece ser tachada de reprovável por desconhecidos de outro continente que não a conheciam nem as particularidades de sua situação", rebateu a mãe.

    Debbie também ressaltou o momento no qual o bispo espanhol lançou suas críticas, apenas dois dias depois da morte de Brittany.

    "Esta palavra foi usada publicamente em um momento em que minha família estava sensível e tinha sofrido um ferimento recente. Estávamos de luto. Uma crítica tão dura por parte de pessoas que não conhecemos, que jamais conhecemos, é pior que uma bofetada. Nos deram uma rasteira quando lutávamos para tomar ar", concluiu.

    Em janeiro, pouco mais de um ano após se casar, Brittany foi ao médico por causa de fortes dores de cabeça e foi diagnosticada um tumor cerebral de grande agressividade.

    O câncer avançou rapidamente, e os especialistas informaram que só restava a ela alguns meses de vida. Além disso, o desenvolvimento da doença causaria intensas dores.

    Diante deste prognóstico, Brittany decidiu praticar o suicídio assistido, procedimento que permite ao paciente de doenças terminais morrer com acompanhamento médico antes que suas condições de saúde se deteriorem definitivamente.

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