O presidente Barack Obama vai causar uma reacomodação do mercado de trabalho dos EUA com o mais abrangente pacote de medidas executivas sobre a imigração na história do país.

É uma decisão que, segundo os economistas, conferirá mais poder de negociação aos trabalhadores não autorizados e levará a uma onda de mudanças de emprego.

As medidas transformarão um mercado paralelo de trabalho ao permitir que muitos de seus integrantes, que estão no país ilegalmente mas são mão de obra essencial nos setores agrícola, de construção e de restaurantes, obtenham vistos de trabalho.

Políticos de ambos os partidos dizem que a renda pessoal estagnada é um dos problemas mais graves dos EUA, mas a literatura econômica oferece aos republicanos munição limitada para argumentar que a decisão forçará queda ainda maior dos salários.

Os imigrantes hoje ameaçam a renda dos trabalhadores americanos por exercerem pressão de baixa sobre os salários porque sua prioridade é evitar o contato com as autoridades, o que os deixa vulneráveis a patrões que pagam pouco ou os exploram de outras maneiras.

A maioria dos pesquisadores concorda em que os salários dos imigrantes sobem quando eles deixam de ser ilegais.

Há duas incógnitas em jogo. Uma delas é determinar se as medidas de Obama, que poderão ser revertidas por um futuro presidente, dariam confiança suficiente às pessoas para abandonar sua situação ilegal.

A segunda é se o pacote pode atrair mais imigrantes ilegais da América Central, o que voltaria a engrossar as fileiras dos trabalhadores não autorizados e reforçaria a pressão de baixa sobre os salários.

A atitude de oposição à anistia para os ilegais mantida por muitos republicanos repousa em parte na convicção de que as reformas adotadas nos anos 80 tiveram exatamente esse efeito.

Embora algumas empresas deliberadamente empreguem trabalhadores sem documentos, representantes do setor dizem que muitas são forçadas a aceitar documentos que parecem legítimos, mesmo que suspeitem que sejam falsos, por não terem como verificá-los.