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    Como Alckmin, governador americano teve sucessivos mandatos e enfrenta seca

    GIULIANA VALLONE
    DE NOVA YORK

    24/11/2014 02h00

    Ele acaba de ser reeleito governador de seu Estado, cargo que já havia ocupado anos atrás. Sua vitória foi exceção em uma eleição cujo resultado nacional foi de derrota para seu partido. E, agora, vai precisar enfrentar uma seca de grandes proporções.

    A história parece familiar no Brasil, mas trata-se do governador da Califórnia, Jerry Brown, 76, eleito neste mês para um inédito quarto mandato à frente do Estado.

    Brown ocupou o posto pela primeira vez entre 1975 e 1983, antes de ser aprovada a lei que limita o número de mandatos aos governantes.

    Por causa disso, ele voltou ao governo em 2011 e, agora, será o governador mais longevo da história da Califórnia, em condições que lembram bastante as da reeleição do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), eleito pela terceira vez.

    Rich Pedroncelli/AP
    Governador da Califórnia, Jerry Brown, em reunião sobre crise hídrica que afeta o Estado
    Governador da Califórnia, Jerry Brown, em reunião sobre crise hídrica que afeta o Estado

    Brown foi um dos únicos democratas a triunfar nas eleições de meio de mandato no início deste mês, marcada por uma vitória acachapante do partido republicano no Congresso. O tucano Alckmin viu seu partido perder a eleição presidencial de outubro para o PT no segundo turno.

    Além disso, tanto a Califórnia quanto São Paulo lutam para combater a seca que tomou conta dos Estados. O problema, no entanto, não foi suficiente para tirar a reeleição de seus governantes.

    Como Alckmin, Brown venceu com ampla diferença sobre o segundo candidato, o republicano Neel Kashkari ""59% contra 41%. E, ciente da vantagem, já adiantada pelas primárias, em junho, o democrata nem se esforçou em fazer campanha.

    Foi ao primeiro evento como candidato a nove dias da eleição e concordou em participar de apenas um debate, na data de menor audiência possível, a abertura da temporada de futebol americano e do torneio de tênis US Open.

    Em vez disso, se concentrou em aprovar dois plebiscitos nas urnas, dos quais se beneficiaria uma vez reeleito: um para criar um fundo de emergência para evitar grandes déficits no Estado e outro com projetos contra a seca. Os dois passaram.

    "Ele já concorreu quatro vezes, então sabe quando e onde gastar dinheiro. E resistiu a esforços de consultores que queriam gastar recursos mesmo quando não era necessário", disse Bruce Cain, da Universidade de Stanford.

    "Ele ia à TV, mas nunca pediu que votassem nele, só falava dos plebiscitos e isso foi suficiente. Alguns dias antes da votação, uma pesquisa mostrou que 40% dos eleitores nem sabiam que Brown concorria à reeleição", afirmou Daniel Mitchell, da Universidade da Califórnia.

    PÓS-SCHWARZENEGGER

    Como explicar, então, a reeleição? No seu terceiro mandato, Brown teve de lidar com uma enorme crise orçamentária deixada por seu antecessor, o ex-governador e ator Arnold Schwarzenegger.

    Para fazer isso, emplacou nas urnas, em 2012, plebiscito que elevava impostos sobre o consumo e a taxação sobre a renda dos mais ricos.

    A solução deu certo e Brown acabou conhecido como o governador que resolveu o problema financeiro do Estado –e não como aquele que aumentou os impostos.

    Segundo analistas, a seca ainda não apareceu como problema nas urnas. "Se você é cidadão comum, não um fazendeiro, a seca está nas notícias, mas a água ainda está saindo da torneira. A maior parte dos eleitores não sentiu isso", disse Mitchell.

    "Mas ela pode se tornar um problema político se persistir por muito tempo. É por isso que a mudança climática é uma questão", afirmou Cain.

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