O adiamento das negociações entre as grandes potências e o Irã, em torno do programa nuclear iraniano, é claramente a segunda melhor opção.
A primeira, é claro, seria fechar um acordo abrangente no prazo estabelecido no entendimento preliminar, prazo que venceu nesta segunda-feira (24).
O adiamento mantém um status quo que é bem melhor do que "confinar os dois países [Irã e Estados Unidos] a um modo de confronto por décadas à frente", como escreveu para a "Open Democracy" Mohammed Ayoob, professor de Relações Internacionais na Universidade de Michigan.
É o que aconteceria se a negociação fosse rompida, em vez de ganhar novo prazo.
O "modo de confronto" é o que vigorava até o acordo provisório do ano passado, pelo qual o Irã fez algumas concessões a respeito de seu programa nuclear em troca da suspensão de algumas das muitas sanções impostas pelo Ocidente e que desestabilizaram a economia iraniana.
Por promissor que parecesse, o acordo provisório não cobria os pontos que ficavam semiescondidos pela discussão a respeito da capacidade nuclear iraniana.
Como escreveu para o New York Times o colunista David E. Sanger, a negociação era também sobre "orgulho nacional e sobre garantias mútuas".
Traduzindo: o orgulho nacional não permitia ao Irã abandonar o programa nuclear que jura que é para fins pacíficos, mas precisava dar garantias de que não buscaria a bomba.
Não foi possível atender os dois pontos que compõem o pano de fundo da negociação, mas é melhor manter o Irã à mesa do que isolá-lo ainda mais.
Afinal, nos 12 anos que já dura o impasse em torno do dossiê iraniano, a situação no mundo árabe/muçulmano em que o Irã é proeminente só fez piorar.
Atraí-lo de volta ao convívio internacional, desde que fique assegurado que não busca a bomba, só pode ajudar a desatar os complicados nós dessa área do mundo.