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    Líder da esquerda mexicana deixa partido por crise com sumiço de jovens

    DA AFP

    26/11/2014 10h36

    O líder histórico e fundador do esquerdista Partido da Revolução Democrática (PRD) do México, Cuauhtémoc Cárdenas, anunciou sua renúncia ao partido nesta quarta-feira (26), depois de semanas de divergências com a nova direção e durante a crise pelo desaparecimento de 43 estudantes no Estado de Guerrero.

    "De maneira irrevogável, apresento ao Conselho Nacional minha renúncia como membro do Partido da Revolução Democrática", anunciou Cárdenas em uma carta enviada ao partido, o maior da esquerda mexicana.

    O PRD está no poder no Estado de Guerrero e também no município de Iguala, onde ocorreu o ataque de policiais e narcotraficantes aos estudantes, o que gerou sua crise mais grave nos últimos anos.

    Giullermo Arias/Xinhua
    Cuauhtémoc Cárdenas, líder do PRD, em fotografia de setembro, em Tijuana, no México
    Cuauhtémoc Cárdenas, líder do PRD, em fotografia de setembro, em Tijuana, no México

    O partido admitiu que foi um erro ter apresentado como candidato o agora ex-prefeito de Iguala, José Luis Abarca, que está detido por ordenar o ataque aos estudantes e que já era investigado por homicídio e vínculos com o narcotráfico.

    Em meio a crise, Cárdenas se reuniu na terça-feira (25) com o novo presidente do PRD, Carlos Navarrete, para discutir suas inquietações com o rumo do partido.

    Cárdenas, que não tem um cargo ativo no PRD, mas é considerado um líder no partido, disse que, durante o encontro, constatou divergências sobre "as medidas que devem ser adotadas para recupera a credibilidade da organização" e decidiu renunciar a sua militância.

    "Ante a disjuntiva de correr o risco de compartilhar responsabilidades de decisões tomadas por miopia, oportunismo ou autocomplacência sem autocrítica (...) preferi correr o risco de receber críticas", destacou Cárdenas, filho do ex-presidente mexicano Lázaro Cárdenas (1934-1940).

    O CASO

    Os 43 estudantes da escola normal rural de Ayotzinapa desapareceram em uma emboscada feita por policiais e traficantes na saída da cidade de Iguala, após fazerem uma atividade de arrecadação de fundos em 26 de setembro.

    Os agentes e os criminosos alvejaram os dois ônibus onde estavam os estudantes. Na ação, seis pessoas morreram e outras 25 ficaram feridas. Minutos depois, os 43 alunos sumiram.

    A Promotoria acredita que o ataque foi encomendado por Abarca, que teria chamado membros do cartel Guerreros Unidos para se unir à polícia e evitar que os estudantes chegassem a um evento em que lançaria sua mulher, María de los Ángeles, a sua sucessão.

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