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    Meninas achadas enforcadas em maio na Índia não foram estupradas

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    27/11/2014 19h50

    As duas adolescentes encontradas enforcadas em maio na Índia tiraram suas próprias vidas e não foram estupradas ou assassinadas, informou hoje o Escritório Central de Investigação (ECI), a polícia federal indiana.

    As primeiras investigações sugeriam que as duas meninas, que tinham 14 e 15 anos, haviam sido estupradas antes de se enforcarem em uma árvore no distrito de Badaun, no estado mais populoso da Índia, Uttar Pradesha.

    Depois de seis meses de investigação, o ECI disse que novos testes forenses contradisseram as hipóteses iniciais.

    "Chegamos à conclusão de que as acusações de agressão sexual e assassinato eram falsas. Foi um caso de suicídio", disse Kanchan Prasad, porta-voz do ECI.

    "Não havia sinais de violência ou ferimentos nos corpos das duas meninas, com exceção das marcas em seus pescoços. Além disso, ninguém ouviu gritos de socorro próximo ao local do enforcamento", disse Prasad.

    A porta-voz disse que os relatórios médicos descartaram qualquer agressão sexual.

    Segundo as investigações, a mais velha das meninas tinha um relacionamento com um dos moradores do vilarejo. A relação era mantida em segredo.

    Na noite da morte das meninas, as duas teriam deixado suas casas depois do jantar e saído para uma feira acompanhadas do namorado da mais velha, disse Prasad.

    Mais tarde, o casal teria sido visto por um dos parentes das meninas, que eram primas, quando eles estariam prestes a ter relações sexuais em um campo próximo.

    Segundo a porta-voz da ECI, as meninas cometeram suicídio porque estavam com medo da reação de suas famílias e temiam o estigma associado à descoberta da situação.

    A ECI vai entregar as conclusões da investigação à Justiça indiana, que decidirá se cabe processo contra a família das meninas. Logo após o ocorrido, os pais delas prestaram queixa à polícia alegando que o enforcamento tinha sido antecedido por estupro.

    CONTESTAÇÃO

    O partido Aam Admi, nascido do movimento anticorrupção que varreu a Índia há três anos, rejeitou a teoria de suicídio e exigiu que o ECI reconsidere seu relatório.

    "Parece humanamente impossível que as duas meninas tenham se enforcado ou a ECI não está compartilhando os fatos", disse o partido em comunicado.

    As mortes tiveram repercussão internacional e alimentaram a tensão política entre o recém-eleito primeiro-ministro Narendra Modi e funcionários do Estado sobre a investigação do caso.

    A violência contra a mulher tornou-se uma questão importante na Índia e Modi declarou publicamente que o país estava envergonhado por cada vez mais relatos de violência sexual contra mulheres e meninas.

    O número de estupros registrados na Índia aumentou 35% em 2013, de acordo com dados do Departamento Nacional de Registros Criminais. Cerca de um décimo das ocorrências foram em Uttar Pradesh, distrito onde viviam as duas meninas mortas em maio.

    SUSPEITOS

    Quando as meninas foram encontradas enforcadas, três irmãos foram presos e mantidos na prisão em Badaun, a 200 km da capital, Nova Delhi, mas foram liberados três meses depois quando expirou o prazo para que fosse feita acusação contra eles.

    Dois policiais também foram detidos na época acusados de tentar encobrir os assassinatos, mas também foram liberados.

    As investigações divulgadas hoje descartaram o envolvimento de todos no caso.

    Quatro dos cinco suspeitos são da comunidade Yadav, uma casta hindu que possui terras e detém influência política em Uttar Pradesh. As vítimas eram Shakyas, uma casta pobre de agricultores e de tradição camponesa.

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