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    Cameron ameaça sair da UE se não puder reduzir benefícios a imigrantes

    DA REUTERS

    28/11/2014 13h53

    O primeiro-ministro britânico, David Cameron, insinuou nesta sexta-feira (28) que pode recomendar a saída de seu país da União Europeia se a entidade o impedir de restringir o acesso de imigrantes a recursos de bem-estar social, mas disse confiar que não será preciso ir tão longe.

    Em um discurso concebido para dar novo fôlego à sua campanha de reeleição em maio, Cameron detalhou seu plano para limitar os benefícios a imigrantes da UE, como créditos fiscais e moradia.

    Fazendo uma exigência que deve encontrar grande resistência de líderes do bloco, como a chanceler alemã, Angela Merkel, Cameron afirmou que suas propostas exigem mudanças em tratados da UE, que valoriza a liberdade de movimento como princípio fundamental.

    Se reeleito, Cameron já prometeu renegociar os laços britânicos com a UE antes de realizar um referendo em 2017 para decidir a permanência ou o rompimento de seu país com a união de 28 nações.

    Embora deixando claro que acredita que a renegociação será bem sucedida, ele fez a insinuação mais forte até agora de que pode defender a saída do Reino Unido do bloco.

    Oli Scarff/Reuters
    Premiê David Cameron discursa em Rocester, Inglaterra
    Premiê David Cameron discursa em Rocester, Inglaterra

    Cameron declarou querer que imigrantes da UE empregados esperem quatro anos antes de terem permissão de recorrer aos benefícios do bem-estar social, e que os desempregados não tenham possibilidade de receber nenhuma ajuda.

    Em Bruxelas, o porta-voz da Comissão Europeia disse: "Estas são ideias do Reino Unido e são parte do debate. Elas terão que ser discutidas sem drama, deveriam ser discutidas com calma e cuidado. Depende dos parlamentares nacionais combater abusos do sistema, e a legislação da UE permite isso".

    Pelas regras de livre movimentação da união, os cidadãos da UE têm direito de trabalhar em qualquer país do bloco. Isso levou centenas de milhares a irem trabalhar no Reino Unido –228 mil este ano até junho, segundo dados divulgados na quinta-feira (27).

    "Negociarei um corte na migração da UE e farei da reforma do bem-estar social uma exigência absoluta na renegociação", declarou.

    "Se tiver sucesso na negociação que farei, defenderei, como disse, a manutenção deste país em uma UE reformada. (Mas) se nossas preocupações não forem ouvidas e não pudermos colocar nosso relacionamento com a UE em um patamar melhor, então é claro que não descarto nada".

    ANTI-IMIGRAÇÃO

    Pesquisas de opinião mostram que a imigração é a principal preocupação dos eleitores britânicos.

    Muitos acreditam que os imigrantes são um peso para escolas, hospitais e no sistema de bem-estar social.

    Os defensores do sistema dizem que a maioria dos recém-chegados são trabalhadores jovens, muitos do leste europeu, que encontram emprego, pagam impostos e exigem pouco do bem-estar social.

    O tema fez crescer a popularidade do Partido da Independência do Reino Unido (Ukip, na sigla em inglês), que é anti-União Europeia e anti-imigração.

    Neste mês, o partido conquistou sua segunda cadeira no Parlamento. Muitos dos parlamentares do Partido Conservador, de Cameron, temem que a ascensão do Ukip ameace suas chances de se reeleger.

    "Nossas preocupações não são extravagantes ou insensatas. Merecemos ser ouvidos, e devemos ser ouvidos. Não somente pelo bem do Reino Unido, mas pelo resto da Europa", afirmou o premiê.

    "Porque o que está acontecendo no Reino Unido não se limita a ela. Em toda a UE, as questões da imigração estão causando uma grande preocupação", acrescentou.

    Nigel Farage, líder do Ukip, disse a respeito do discurso de Cameron: "É uma tentativa cínica de varrer o tema para debaixo do tapete até depois da eleição. Não acho que uma pessoa sequer no Reino Unido engoliu qualquer parte do que ele disse hoje".

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