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    Mujica alerta para problemas que Vázquez vai enfrentar no Uruguai

    SYLVIA COLOMBO
    ENVIADA ESPECIAL A MONTEVIDÉU

    02/12/2014 01h00

    "Quem ganhou foi o Tabaré, não o Mandrake. Vai ser preciso trabalhar duro, com magia não funciona." Foi assim que o atual presidente do Uruguai, José "Pepe" Mujica, 79, fez seu alerta com relação aos problemas em aberto que deixará ao sucessor.

    Eleito no domingo passado, o médico oncologista Tabaré Vázquez (também da esquerdista Frente Ampla), 74, que já foi presidente entre os anos de 2005 e 2010, derrotou o candidato do Partido Nacional (Blanco), Luis Lacalle Pou, por 53% a 41%.

    A Frente Ampla ganhou em 12 departamentos –do total de 19 que compõem o país.

    Editoria de arte/Folhapress

    INFRAESTRUTURA

    O mandatário chamou a atenção para a necessidade de fazer mais investimentos em infraestrutura, para acompanhar o crescimento da economia (previsto em 3,5% neste ano), e de seguir com as políticas para reduzir a pobreza.

    Somando-se os dois governos da Frente Ampla, de Vázquez e de Mujica, a pobreza caiu de 39% para 11%.

    As prioridades sinalizadas por Vázquez durante a campanha vão nesse caminho: ampliar os investimentos em planos de assistência social e melhorar o acesso à saúde e à educação. Em seu primeiro mandato, embalado pelo aumento do preço das commodities, Vázquez alcançou esse objetivo e com isso aumentou sua popularidade –deixou o poder em 2010 com 70% de aprovação, Mujica deve deixar o posto com 65%.

    Agora, para voltar a usar a fórmula, apontam economistas, será preciso retomar níveis mais altos de crescimento ou elevar impostos. O futuro ministro da Economia, Danilo Astori, atual vice-presidente, já disse que a segunda alternativa não será usada.

    VIOLÊNCIA

    A principal preocupação dos uruguaios, porém, é com o aumento da violência. Apesar de ser considerado o país mais seguro da região (taxa de 8 homicídios para cada 100 mil habitantes), o Uruguai é o segundo a apontar a insegurança como principal problema –o primeiro é a Venezuela, segundo dados do Latinobarômetro.

    Na campanha, essa foi uma das principais bandeiras da direita, que chegou a conseguir que se fizesse um plebiscito, em 26 de outubro, sobre a redução da maioridade penal para 16 anos.

    A proposta foi rejeitada, mas "blancos" e "colorados" pedem que Vázquez inclua no pacote de novas leis que deve apresentar na posse, em março, um projeto para melhorar a segurança do país.

    "Vamos governar ouvindo todos os atores políticos", disse na segunda Vázquez a um grupo de jornalistas que o acompanhou em sua volta ao trabalho, em sua clínica de oncologia. Na porta, o vencedor do pleito tirou fotos e selfies com adolescentes. O presidente eleito anunciou, para os próximos dias, uma reunião com Lacalle Pou.

    Em entrevista a meios estrangeiros, Astori vem dizendo que o Uruguai deve buscar sócios comerciais fora do Mercosul, como já vem fazendo no caso de produtos específicos, como os lácteos.

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