Patologistas israelenses e palestinos discordaram nesta quinta-feira (11) sobre o que causou a morte de um ministro palestino na quarta (10). Ziad Abu Ein, 55, morreu após um confronto com soldados israelenses.

Após uma autópsia conjunta, os médicos palestinos disseram que Abu Ein morreu com os golpes, enquanto os israelenses afirmaram que um ataque cardíaco foi a causa da morte. Segundo eles, o ministro já tinha problemas no coração.

Abu Ein estava entre manifestantes palestinos que entraram em confronto com os militares de Israel na vila de Turmus Aya, perto de Ramallah.

Um soldado segurou o ministro pela garganta, segundo mostram fotos. Os militares também atiraram gás lacrimogênio.

	Abbas Momani/AFP
	Soldado israelense segura o pescoço do ministro palestino Ziad Abu Ein pouco antes de ele ser morto

"Sua morte foi causada por uma oclusão coronária, causada por estresse. O estresse pode ter sido provocado por ele ter sido agarrado pelo pescoço", disse um israelense à Reuters.

Hussein al-Sheikh, uma autoridade palestina, disse à Reuters que os médicos jordanianos e palestinos concluíram que o ministro morreu por "ser atingido, inalar gás lacrimogêneo e por um atraso na prestação de assistência médica".

Na quarta, o ministro palestino Hussein Sheikh disse que Abu Ein morreu de inalação de gás e das pancadas no confronto.

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, disse que o ministro foi vítima de um ato bárbaro. O ministro da Defesa de Israel, Moshe Yaalon, emitiu um pedido de desculpas pela morte.

Abu Ein organizava protestos contra os assentamentos israelenses e contra o muro de separação na Cisjordânia.

PROTESTO

Nesta quinta (11), soldados israelenses entraram em confronto com cerca de cem palestinos que atiravam pedras em Hebron, na Cisjordânia. Não houve relatos imediatos de feridos ou prisões.

	Ammar Awad/Reuters
	Palestinos entram em confronto com soldados israelenses nesta quinta perto de Ramallah, na Cisjordânia

Teme-se que a morte possa gerar uma nova escalada de violência na região, que vive clima tenso já há alguns meses.

O exército israelense reforçou o envio de tropas para a Cisjordânia, temendo novas manifestações.

FUNERAL

Milhares de pessoas se despediram de Abu Ein com honras de estado na manhã desta quinta.

O corpo chegou num caixão coberto pela bandeira palestina, junto com uma comitiva liderada pelo presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas e por seu primeiro-ministro, Rami Hamdallah.

	Ahmad Gharabli/AFP
	Palestinos se despedem de Ziad Abu Ein em Ramallah

Depois, os palestinos acompanharam o corpo pelas ruas de Ramallah até a cidade vizinha de Al Brieh, onde Abu Ein foi enterrado.

Além de Abu Ein, quase 2.600 palestinos já morreram desde junho na região.