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    Diretor da CIA defende ações da agência em interrogatórios

    GIULIANA VALLONE
    DE NOVA YORK

    11/12/2014 22h12

    O atual diretor da CIA, John Brennan, saiu em defesa da agência de inteligência norte-americana e afirmou que os presos submetidos às controversas técnicas de interrogatório usadas após o 11 de Setembro forneceram informações relevantes na luta contra o terrorismo.

    Ele admitiu, no entanto, excessos e atos "repugnantes" por parte da agência.

    Em raro discurso, Brennan disse nesta quinta-feira (11) que a CIA "discorda fundamentalmente" das conclusões de um relatório do Comitê de Inteligência do Senado, que apontou que os interrogatórios de detentos em prisões secretas do país pelo mundo foram mais brutais e menos eficazes do que o relatado pela agência.

    "Nossa visão é que presos que foram submetidos às técnicas de interrogatório avançadas revelaram informações que foram úteis e utilizadas na operação que matou [Osama] bin Laden", disse.

    Ele afirmou, no entanto, que não é possível saber se as informações só foram conseguidas por causa do uso desses métodos, que incluíam simulações de afogamento, espancamentos, privação do sono por mais de uma semana e até alimentação retal.

    Brennan defendeu a legalidade das ações perpetradas por oficiais da CIA durante o programa, autorizado pelo então presidente George W. Bush (2001-2009), para capturar e interrogar prisioneiros ligados a ações terroristas.

    "Os atos dos agentes que seguiram a lei e as políticas não devem ser criticadas nem confundidas com as ações dos poucos que não operaram sob as regras."

    Ele também criticou o relatório do Senado por não conter nenhuma entrevista com agentes da CIA sobre as ações em questão, em contraste com um documento que discutia a existência de armas de destruição em massa no Iraque feito pelo mesmo comitê e que registrava mais de 200 conversas com oficiais.

    O diretor da CIA começou seu discurso com um relato vívido dos atentados em Nova York em 2001 e descreveu os esforços para tentar conter o terrorismo e coletar informações nos dias que se seguiram aos ataques.

    "Não havia respostas fáceis, e quaisquer que sejam as suas opiniões [sobre as técnicas avançadas de interrogatório], nossa nação, e em particular esta agência, fez muitas coisas certas para manter o país seguro e forte durante esse período difícil."

    Brennan admitiu, no entanto, que as ações de alguns dos funcionários da CIA "não foram autorizadas, foram repugnantes e deveriam ser repudiadas por todos. E nós falhamos em responsabilizá-los por seus erros".

    Em nenhum momento do pronunciamento, que durou 45 minutos, o diretor da agência se referiu às técnicas utilizadas como "tortura". "Vou deixar para os outros decidirem como querem rotular essas atividades", disse.

    Seguindo a linha do pronunciamento do presidente Barack Obama, na terça-feira, Brennan não fez referências a nenhuma punição futura para os envolvidos nos excessos que admitiu terem sido cometidos.

    "Sob a luz do fato de que essas técnicas foram banidas há sete anos, minha esperança é que possamos colocar esse debate de lado", disse.

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