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    Ataque do Taleban no Paquistão deixa 145 mortos, incluindo 132 crianças

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    16/12/2014 07h40

    Ao menos 145 pessoas –entre elas 132 estudantes com idades entre 10 e 18 anos– foram mortas nesta terça (16) durante um ataque do grupo terrorista Taleban contra uma escola para filhos de militares em Peshawar, no noroeste do Paquistão.

    A ação deixou 124 feridos, dos quais 121 são estudantes.

    Foi o ataque mais sangrento da história paquistanesa, superando o de dezembro de 2007, quando um atentado perto da capital, Islamabad, deixou 139 mortos, entre os quais a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto.

    Muhammad Umar Khorasani, porta-voz do Movimento Taleban do Paquistão (TTP), reivindicou o ataque.

    "Fizemos este ataque depois que uma investigação indicou que os filhos de vários altos responsáveis do Exército estudavam nesta escola."

    Khorasani disse que a ordem dada aos terroristas era a de "disparar contra os estudantes maiores, e não contra os pequenos".

    Ele afirmou que o objetivo da operação foi vingar os combatentes do Taleban mortos nas ofensivas militares feitas desde junho pelo Exército em seus redutos nas zonas tribais perto de Peshawar, principalmente no Waziristão do Norte.

    Segundo o porta-voz do Exército paquistanês, general Asim Bajwa, os terroristas, que usavam roupas do Exército, dispararam de forma indiscriminada e não pretendiam fazer reféns.

    "Eles vestiam jaquetas suicidas [cheias de explosivos] e carregavam munição e comida para vários dias", afirmou o general.

    Editoria de Arte/Folhapress

    DISFARCE DE MILITAR

    O ataque começou por volta das 10h30 locais (3h30 em Brasília), quando, disfarçados de militares, seis membros da milícia entraram na escola, localizada no subúrbio da cidade.

    Após cerca de oito horas de combate, o Exército acabou com o ataque, matando os seis terroristas.

    Um militar que não quis se identificar disse em entrevista ao canal de TV americano NBC que um dos professores da escola foi queimado vivo pelos militantes, que teriam forçado os estudantes a assistirem à cena. "Eles atearam fogo a um professor diante dos alunos e fizeram as crianças assistirem àquilo."

    Segundo testemunhas, os terroristas fizeram ataques em várias classes, e um deles chegou a explodir uma bomba que carregava.

    Ahmed Faraz, 14, relatou que se escondeu debaixo de sua carteira e ouviu um terrorista dizer ao outro: "Várias crianças estão sob os bancos. Mate-as!". No hospital, Shahrukh Khan, 16, disse que viu a morte de perto e que se fingiu de morto para sobreviver.

    O Taleban do Afeganistão –aliado, mas independente do grupo do Paquistão– condenou o ataque em Peshawar.

    "O assassinato de pessoas inocentes, entre elas crianças e mulheres, é contrário aos fundamentos do islã", disse Zabihullah Mujahid, porta-voz da facção afegã.

    MALALA

    Informado sobre o ataque, o primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, viajou a Peshawar e foi duro em sua manifestação.

    "Nós nos vingaremos de cada gota de sangue derramada por nossas crianças hoje", afirmou.

    Baleada na cabeça pelo Taleban em 2012 por defender a educação de meninas no país, a paquistanesa Malala Yousafzai, que em outubro ganhou o prêmio Nobel da Paz de 2014, disse que tinha "o coração partido", mas que "eles não vão nos derrotar nunca".

    O Brasil condenou com "veemência" o ato e manifestou solidariedade ao governo e às famílias enlutadas.

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